sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Gastar menos do que se tem

Tenho ouvido imensas noticias e comentários sobre as crises recentes e cada vez me convenço mais que se criou uma ideia errada acerca da capacidade dos estados fazerem face a uma crise que é, acima de tudo, uma crise de comportamentos.
Deixou de se poupar para fazer gastos maiores. Em vez disso contrai-se um empréstimo e paga-se uma prestação. A consequência foi o sobre endividamento das famílias.
Depois, claro, as pessoas que pensam assim começaram a fazer parte de governos e a governar assim. A consequência foram défices orçamentais sistémicos.
Depois começou a moda dos pobres quererem ser ricos muito rapidamente. Como com o trabalho não é fácil enriquecer, apareceram logo alguns que tiveram a ideia entrar na política e de usar contactos que tinham obtido enquanto desempenhavam altos cargos (com muito poder mas baixo salário) e fazer aquilo que em bom português se chama "pintar a manta", embora existam em linguagem jurídica uma série de crimes para cada caso. Roubar o estado é uma forma de roubar em grande e enriquecer rápido.
Curiosamente ninguém estranha que alguém tivesse um nível de rendimentos normal e que em pouco tempo surgisse uma fortuna. Isto só acontece ganhando a sorte grande ou de forma ilícita.
Já nem estranhamos que os bancos contratem espiões, com altos cargos nas agências de investigação nacionais. Para que deve um banco querer um homem das secretas? Terá grande capacidade de gerir fundos?
Acabamos agora com países que gastam mais do que têm há anos, como Portugal, com famílias que tinham acesso a um nível de vida que só durou enquanto a dívida foi comportável e foi possível sustentar o serviço da dívida. Após uns anos é que surge a dura realidade da insustentabilidade de gastar sistematicamente mais do que se tem.
Um país humilde transformou-se em poucos anos num país arrogante e exigente para tudo menos para trabalhar.
Claro que vão verificar-se imensas greves a exigir coisas que são impossíveis e não vai ser fácil explicar que o estado não é mais do que uma resultante do colectivo e que não tem dinheiro para dar porque na realidade os portugueses não produzem o suficiente para gerar uma grande riqueza geradora de impostos (receitas do Estado) que por sua vez poderão em parte ser redistribuídas.
Ouço políticos a falar de políticas erradas, dando a entender que o certo seria mais despesas e compromissos, nem que isso fosse possível.
Ou alguém para com este movimento e fala direito ou isto vai acabar muito mal porque tudo é desculpa para não trabalhar que, de facto, a única via que, associada a uma maior formação geral, pode desencadear fenómenos positivos.
O momento é de trabalhar muito, gastar muito pouco, poupar, investir com um sentido muito apurado e rigoroso da responsabilidade e tentar fazer tudo melhor e com menos recursos.
Esse é o caminho...

domingo, 7 de dezembro de 2008

Jogo político - Educação

O que se passa no ensino neste momento é lamentável. Os professores são conduzidos por um sindicato com um perfil muito próprio que alimenta os mais básico ódios contra tudo e os canaliza contra a Senhora Ministra da Educação.
Nesta excitação não se coibiram de desestabilizar as escolas, as aulas, as avaliações e pior que tudo, os alunos, envolvendo-os em lutas que não são deles e distorcendo as razões de forma a que todos tenham razões de queixa.
Sei que os professores têm por motivação o dinheiro que ganham. Embora o embrulho seja o de estar contra um processo de avaliação que diferenciará os bons dos maus professores e, de acordo com essa hierarquia os que progridem na carreira e os que não progridem.
Já as motivações da Senhora Ministra da Educação são mais simpáticas, uma vez que no fundo o que se pretende é melhorar o sistema de ensino e proporcionar uma melhor educação aos nossos filhos.
Propor um sistema alternativo assente na auto avaliação é o cumulo. Então os alunos não são avaliados pelos professores de forma independente da auto avaliação? Claro que os professores também têm que ser avaliados por alguém externo e não por cada professor dar MUITO BOM a si próprio.
Já as motivações dos sindicalistas são desconhecidas mas já conheço o suficiente para saber que se trata de algo que não passa pelo interesse nacional e muito menos dos nossos filhos.
Quem quiser fazer as suas revoluções que as faça longe dos meus filhos porque eu cá continuo a achar que ninguém é obrigado a ser professor e se é tão mau assim não se reformem, despeçam-se e arranjem outro emprego.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Enfrentar os momentos difíceis

A verdade é que estamos a entrar numa crise que é Mundial, Europeia, Portuguesa e está começando a ser açoriana e Micaelense.
Neste contexto é necessário ter muita cautela com o que fazemos. Por-mo-nos todos a pedir ajuda ao Governo não é com certeza a melhor coisa a fazer. Pedir tolices ao Governo ainda pior até porque nos arriscamos a que sejam satisfeitos os pedidos.
Temos de encarar os momentos difíceis com cautelas quanto ao interesse dos investimentos. Os melhores são os que geram autosuficiencia, produzem bens ou serviços exportáveis ou que substituem importações.
Os investimentos têm que gerar riqueza pois é assim que se resolvem as crises. Já agora também é importante que gerem emprego (não público).
Diminuir impostos como o IRC só ajuda empresas que não estão em dificuldade e reduzir as taxas sobre os combustíveis só serve para adiar as necessárias políticas de utilização racional de energia e empobrecer o Estado e, consequentemente, reduzir a sua capacidade de intervenção (investimento público e redistribuição de rendimento).
Está na altura de pensar-mos o que podemos fazer para ajudar e não a quem pedir ajuda.
Somos remediados mas podemos ter a ambição de ser ricos. O caminho é trabalhar mais e melhor e não pedir empréstimos e benesses.
Espero que os principais decisores micaelenses, regionais, nacionais, europeus e mundiais estejam à altura desta era de mudanças em que muitas dificuldades se adivinham.
Não vale apenas apregoar teorias que cá é diferente. Esse seria um erro trágico. Enfrentar os problemas com sabedoria e transparência é o que se espera.
Preparemo-nos para uma redução do emprego, das exportações e do turismo.
Veremos pessoas sobre endividadas a sofrer as consequências de uma quebra do financiamento bancário sem cobertura.
Os activos vão desvalorizar-se e as garantias dadas a empréstimos serão insuficientes.
Mas neste clima geram-se oportunidades. Espero que sejam encaradas como oportunidades para mudar e não fazer mais do mesmo.

domingo, 9 de novembro de 2008

Auto estima baixa

A economia vive muito de acções reais, do talento e do conhecimento, do trabalho e do esforço mas também vive de acreditar que há um amanhã melhor do que o presente.
Infelizmente estamos a atravessar um momento em que a auto estima está muito baixa e que ninguém acredita que estamos a atravessar um mau momento, mas que, tal como outros, será ultrapassado pelo esforço e pelas acções de todos nós.
É lamentável ver professores a manifestarem-se numa altura destas enfurecidos porque não querem ser avaliados para progredir na carreira (embora digam que não querem é esta avaliação). Era talvez bom dar-lhes um Ministro da Educação do Bloco de Esquerda que eles logo viam o que era bom. Ao contrário do que se pensa nada pode correr bem sem trabalho.
É triste ver que os noticiários querem sangue numa altura destas e que dão atenção a todos os que reclamam, exigem e gritam, quando, ao mesmo tempo é dada tão pouca atenção aos que propões e lutam para que a normalidade regresse.
Convinha que nos esforçasse-mos um pouco para ultrapassar esta situação e pensar o que é que nós podemos fazer em vez de exigir que o Governo faça por nós.
É tempo de responsabilizar as pessoas que criam situações de crise e depois acham que é tudo normal e que têm que ser os contribuintes a pagar para corrigir os danos.
Há que fazer escolhas drásticas. Muita gente influente tem que ter paciência mas o seu tempo acabou. Falavam tanto em ética e afinal era o que se vê. Se deixar-mos vamos assistir a uma suave repetição de tudo.
O ar pachorrento dos que dizem que nada podia ser feito não compreendem que a nossa opinião é que se só conseguiam fazer isto então não podem estar lá porque isto é pouco.
Se todos fossemos um pouco menos egoístas talvez pudéssemos encontrar muitas pequenas soluções para muitos pequenos problemas, ajudando-nos a aumentar a auto estima e sair desta dificuldade.
Parece-me que todas os partidos chumbarem o Orçamento de Estado é um sinal de que não estão preparados para contribuir para a solução estando centrados no problema.
Há uma geração que chegou ao fim. Desejo-lhes uma reforma feliz.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Crédito

Os bancos têm uma função muito importante na economia. Fazem intermediação financeira e accionam mecanismos de multiplicação da massa monetária.
A intermediação financeira consiste em fazer a ponte entre quem tem recursos que, durante certo período, não necessita e quem necessita e não tem. Quem necessita paga um prémio pelo acesso ao crédito e quem cede recursos tem uma remuneração.
Quando há dúvidas, como agora houve, os bancos, que são entidades estranhas, deixam de confiar em seja quem for e deixam de emprestar dinheiro. Sem emprestar dinheiro, o mecanismo de multiplicação de massa monetária deixa de funcionar e o dinheiro disponível para a economia passa a ser muito menos. Se há menos dinheiro é natural que este fique mais caro. Com tudo isso passa-se de uma dificuldade financeira a uma dificuldade económica.
Quando se empresta dinheiro a uma empresa ela paga a outra que deposita e volta a ser emprestado e por aí fora. Como a massa monetária é a quantidade de moeda multiplicada pelo número de vezes que circula é tanto maior quanto mais circula. Se não há empréstimos a massa monetária retrai-se rapidamente.
Neste momento estamos com elevadas restrições de crédito. As empresas começam a ter dificuldade em desenvolver projectos que necessitem financiamento. Estando estas empresas com estruturas de custos fixos dimensionadas para certo volume de negócios a não concretização de novos negócios só tem uma solução...o despedimento de pessoal.
...Desemprego...maior factura social...menos impostos...menor actividade económica...
Rapidamente temos todos que quebrar este ciclo. Temos de confiar nos bancos, embora eles obviamente não sejam de confiança. Temos de investir e apoiar os projectos que são necessários e deixar os acessórios. Convém perceber que os essenciais são por exemplo os que contribuem para a melhoria da performance ambiental, a formação e desenvolvimento pessoal, e, por último mas não menos importante a competitividade das empresas.
Quanto mais protegidos estivermos em matéria de ambiente, de formação e de contas públicas melhor nos saímos.
Baixar os impostos é a maior tolice que se pode fazer porque neste momento não está em causa termos empresas que têm lucros. O problema é saber se as que deixaram de ter vão passar pela tormenta e manter a actividade ou vão mesmo acabar. Acontece que estas já não pagam impostos.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Justiça

Temos sido bombardeados com o caso Cipriano pelos OCS.
Os casos de policia não me chamam muito à atenção até que vejo uma senhora com sinais claros de ter sido agredida.
Mais tarde vim saber mais pormenores e em resumo parece-me que aconteceu o seguinte:
Desapareceu uma menina que foi dada como morta embora o seu corpo nunca tenha sido encontrado.
Prenderam a mãe que seria presumivelmente autora de homicídio.
A policia não fez nenhuma investigação que tenha obtido provas e, em vez disso, deu uma sova na senhora Cipriano até ela dizer o que lhe foi pedido, dando-se por culpada de um homicídio que não há prova que tenha acontecido, uma vez que não há corpo.
O advogado de defesa não permitiu que a ré fosse ouvida o que é um direito que lhe assiste.
O Juiz não tendo qualquer prova e não podendo ouvir a ré confirmar o que alegadamente tinha dito na esquadra chamou os polícias que a tinham agredido e interrogado para depor.
Os ditos policias disseram o que ela tinha dito no da em que tinha sido agredida e o juiz considerou que estava provado que ela tinha reconhecido ser homicida e que tinha havido a morte da pequena.
Claro que não se apurou onde estava o corpo.
Se isto é justiça, macacos me mordam. Mas tira-se uma lição. Ninguém estranha que a policia não investigue ou não o saiba fazer. Considera-se normal não haver provas, nem ao menos que houve o crime em causa.
Julga-se uma ré por um crime que não está provado com base em alegadas declarações feitas depois de agressões. Normal. O Juiz deve ser louco se pensa que o povo acha isto normal.
Agora espero que aconteçam várias coisas. Em primeiro lugar que os policias sejam despedidos e julgados convenientemente. Em segundo lugar que o Juiz deixe de o ser e seja punido pela sua hierarquia.
Já agora que a menina apareça viva e de boa saúde.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Medidas para a crise

Tem sido apresentadas medidas de combate à crise por parte de muitos políticos, especialistas, comentadores etc.
Todos as medidas no sentido de aumentar a liquidez do mercado financeiro são indiscutivelmente necessárias, mas não suficientes.
Este crise não é só fruto do deslumbramento dos operadores financeiros pelo jogo. Alguns operadores financeiros acharam que apostar em jogos de sorte seria um investimento. Claro que investir tem que ter como contrapartida operações no mercado de bens e serviços caso contrário só dá certo enquanto as pessoas acreditarem e, quando deixarem de acreditar, todos os que estão em jogo perdem o seu dinheiro porque deixam de aparecer novos interessados em jogar.
Parece-me que a baixa de impostos é uma falácia. Diminui a capacidade de intervenção do Estado e só ajuda quem tem.
As empresas que estão em dificuldades não têm bons resultados e, assim, o efeito de uma diminuição de impostos não é decisivo na manutenção ou encerramento do negócio.
Mais importante seria destinar a mesma verba que a diminuição de receitas implicaria e aplicar numa diminuição do custo do trabalho das PME. Dizendo mais claro, baixar temporariamente a taxa de comparticipação da entidade patronal para a segurança social e transferir do orçamento geral do estado para a segurança social a verba correspondente.
Esta operação era o mesmo em termos orçamentais mas incidiria sobre o custo do trabalho melhorando mensalmente a situação financeira da empresa e retirando pressão sobre o trabalho nas medidas de diminuição de custos. Espero que uma medida destas ajude os empresários a poupar sem criar desemprego.
Porque criar desemprego significa criar menos riqueza e menos procura interna que gera negócios e é um multiplicador económico importante.
As medidas restantes devem ser no sentido de promover o investimento em substituição de importações, por exemplo de imensos produtos agrícolas.
Um programa nacional de PME agrícola inovadora seria uma ideia importante. Talvez os apoios à agricultura criassem mais emprego e rendimento nas zonas rurais, dinamizando e diversificando as pequenas economias.
A aposta na formação em profissional e tecnológica associada ao ensino do inglês e de mais uma língua é também essencial.
Os governos tendem a aumentar a despesas pública nestas alturas para aumentar a procura interna. Aproveitem para a aplicar em projectos ligados à água para consumo, águas residuais e resíduos que é uma área que tem em Portugal um certo atraso pelo que é uma oportunidade de acertar o passo.
Mas não podemos deixar de revolucionar o estado que gasta muito e é pouco produtivo.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

A economia volta aos seus mecanismos

Estabelecido um seguro de garantia ao mercado interbancário, lentamente as empresas voltarão a ter crédito e a economia voltará aos seus mecanismos normais.
As expectativas actuais vão no sentido de ser uma boa altura para comprar títulos que se sobre desvalorizaram e que têm potencial para valorizar. As bolsas terão uma valorização.
Por outro lado, com a animação da economia o dólar será desvalorizado face ao euro e o petróleo começará a subir pois as expectativas de uma crise económica estão mais atenuadas e a pressão sobre os preços será lentamente retomada.
A incerteza é ainda grande. Ainda há nas empresas muitos decisores que devem ser afastados e muitos mecanismos de regulação que devem ser revolucionados.
As instituições internacionais também devem ser redefinidas porque já há algum tempo que se via a dificuldade que o quadro internacional mudou tanto que as instituições do pós guerra estão caducas, são caras e têm pouca valia.
Espero que os principais decisores compreendam que o mundo mudou e que, ou esta mudança se traduz numa alteração profunda das prioridades e numa construção de um novo quadro regulatório, legislativo e institucional, ou vai haver uma grande diferença entre quem mudar e quem tentar remediar os problemas e fazer discursos muito optimistas.
Há políticos que julgam que o povo não percebe o que se passa mas muitas vezes os políticos é que não vêm o que o povo já compreendeu, embora muitas vezes não consiga articular um discurso limpo que o demonstre.
Mas o povo sente cada euro a mais ou a menos porque tem rendimentos muito limitados e é hipersensível a cada alteração da sua vida.
Deste susto sairão empresas vencedoras e vencidas, políticos derrotados e vencedores, gestores credibilizados e gestores no desemprego.
Tudo será diferente.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Empréstimos sem risco

A quebra de confiança dos banqueiros nos seus colegas tinha paralisado o sistema interbancário. Os governos estabeleceram um seguro de crédito para estas operações, pago por nós, para anular este risco (no fundo o risco de um banco emprestar a outro uma soma grande e este falir um ou dois dias depois) e reestabelecer a liquidez necessária ao sistema económico.
Agora esperamos que as taxas euribor desçam a pique uma vez que, sem risco, não faz sentido ter taxas muito diferentes da taxa de cedência de liquidez dos bancos centrais.
Vai ser um novamente um momento que requer vigilância dos reguladores porque nós pagar-mos o custo do risco nos impostos e não ter-mos pelo menos o benefício das taxas baixas é algo que me preocupa.
Seria agora a altura de discutir que penalizações terão os gestores das instituições que geraram este risco exagerado. Que tal serem inibidos do exercício de actividades de gestão ou consultadoria na área financeira? Ou será que no fim ainda vão voltar a ser premiados?

domingo, 12 de outubro de 2008

Confiança

Interessante que se fala tanto em falta de confiança da economia.
Parece-me que quem tem falta de confiança são os gestores bancários uns nos outros e por isso limitaram muito a intervenção do mercado interbancário. Eles lá sabem por quê...
Se calhar seria necessário introduzir uma nova classe de gestores sem tanta formação em habilidades para criar produtos financeiros sem fundamentos reais.
Custa-me a compreender como são encarados produtos que têm valorização dependente de um índice e não de acções reais.
Com todas essas invenções estamos a misturar as apostas típicas do negócio do jogo com investimentos financeiros e sem avisar as pessoas.
Pior é quando os próprios fundos de pensões começam a fazer apostas.
Como as apostas não são lógicas acontece depois que um banco tenha no dia antes de falir um rating atribuído muito elevado. Acho que todas as empresas de rating e de auditoria a contas deviam ser fortemente reguladas pois não são confiáveis como se vê.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Mexeram no meu bolso

Acabo de saber que alguém em quem eu não votei acabou de "injectar 120 mil milhões €" na procura de salvar bancos.
Os juros já subiram e eu pago juros. Agora põem fora 120 mil milhões de euros e o euro que eu ganho passou a valer menos.
Já estou a ficar com a ideia que está tudo louco. Então não tinha que ser tudo privado que era muito bom e sabiam fazer tudo melhor? E agora o que é que eu tenho que ver com isso? Se os bancos falirem é uma grande lição. As casas não desaparecem e alguém surgirá, como sempre, para ocupar o lugar deixado vazio pelos bancos falidos.
A Câmara de Representantes não autorizou o Plano dos 700 mil milhões. Acho muito bem, embora acredite que acabarão por aprovar qualquer coisa parecida. A única coisa que eu não percebo é porque é que estas empresas podiam reger-se pelo seu livre arbítrio e agora que há problema temos todos que pagar a conta.
Quantas pequenas e médias empresas desaparecem por ano e nunca me pediram dinheiro para lhes pagar as dividas.
Não percebo como é possível que o BCE pode fazer isto sem todos nós ser-mos formalmente consultados.
Há muita matéria para os políticos pensarem, principalmente este mundo de liberais fascinado elos truques da finança.
Este dinheiro todo transformou-se no maior programa de habitação social do mundo e da história.
Só é pena que eu cá continue a pagar a minha e com custos acrescidos.
Estamos a precisar de mudar todos os reguladores que foram tão incompetentes que nos levaram a isto.

domingo, 28 de setembro de 2008

Magalhães

Quer se queira ou não temos de admitir que dar a todos os miúdos da primária um computador e acesso a aprender inglês fará desta geração uma geração com muito mais oportunidades do que as anteriores.
Não é publicidade. É uma diferença muito palpável. Nem compreendo porque é que se tenta desvalorizar esta iniciativa.
Espero é que os professores estejam à altura desta revolução pois começa a vislumbrar-se o tempo dos e-boock's por substituição de mochilas carregadas de livros caríssimos.
É muito provável que em breve por cada livro que hoje custa 20 € teremos em breve um custo de 2€ para descarregar um e-boock da net.
Belos tempos. A possibilidade que as crianças pobres terão de estudar serão muito superiores.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

A Politica está em crise

A crise que actualmente vivemos tem raiz politica e não económica. Foi um conjunto de decisões de política económica que conduziu a esta situação e a consequência é simples - os americanos estão pelo menos 700 mil milhões de dólares mais pobres. Na realidade a consequência será superior porque as dinâmicas de destruição de capital vão ampliar-se.
A economia fez o seu papel de sempre - produziu mecanismo de equilíbrio que neste caso correspondem à destruição do capital artificial.
A politica muito liberal que desregulamentou uma parte substancial das intervenções financeiras criou durante algum tempo a ilusão de riqueza só que estes esquemas financeiros são do tipo dos negócios da D. Branca, que por não terem contrapartida real acabam por criar bolhas que têm um dia que cair na real.
Só há um problema. Os EUA não são um país qualquer e o dólar é uma moeda de referência. Graças aos Europeus já não é a única uma vez que agora também há o Euro.
O dólar desvaloriza-se necessariamente e os termos de troca do comércio internacional alteram-se. Há países que ganham e países que perdem. O petróleo, tende a reajustar o seu preço para manter o seu rendimento real. Mas os bens que tiverem condições de mercado também se ajustarão.
No fim os americanos ficam mais pobres e as empresas americanas terão mais capital chinês e soviético, economias com liquidez suficiente para investir em activos americanos que se transaccionam claramente abaixo do seu valor.
O Mundo mudou. Espero que nos consigamos manter equilibrados. É tempo de poupar.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Investigação em dia grande

Hoje começa a funcionar o maior acelerador de partículas energéticas do mundo. É pois um dia grande para a física nuclear e das partículas. Estas são noticias que já começam a incluir Portugal, que também faz parte do CERN, o que é muito positivo.
Hoje começam os primeiros testes fazendo circular um feixe de protões pelos 27 Km do túnel.
Mais tarde iniciam-se os testes de colisão de partículas aceleradas que permitirão identificar novas partículas elementares e ter uma melhor ideia do que se passou nos momentos iniciais do universo. Muitas sã as questões da física que esperam ter resposta com a entrada em funcionamento desta fantástica estrutura. Uma delas prende-se com a origem da massa molecular.
Espero notícias sobre que permitam revolucionar os conhecimentos actuais e fazer-nos entrar noutra fase do conhecimento.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Nova geração

Vai surgindo uma nova geração de políticos alguns dos quais nos metem medo.
São arrogantes, julgam-se muito espertos, são muito pouco cultos,têm muito pouca presença, têm pouco respeito pelo cidadão e julgam que eles é que são importantes e que o povo é manipulável.
Mau princípio e péssimo caminho.
Se estes políticos ganharem força vamos ter um futuro negro.
Em primeiro lugar porque o serviço político é um serviço ao povo. Claro que o importante é o povo e não o indivíduo.
Em segundo lugar, se o povo em geral liga pouco ao que os políticos dizem ou fazem, nem todos são distraídos ou enganados facilmente e quando um político começa a perder a confiança inicia o fim da sua carreira.
Depois pensar que se pode manipular tudo e todos para favorecer uns quantos, por exemplo uma ilha em concreto ou um certo circulo de pessoas, é certo que ninguém mais vai pensar que aquele indivíduo é capaz de defender uma estratégia com pés e cabeça pois só gere o enredo imediato.
Estes são políticos a banir pois dão cabo de tudo em pouco tempo.
Fora com os políticos da cantiga ao desafio espertos e rápidos mas inúteis e ignorantes.
Já agora. Porque é que o céu é azul?

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Segurança

Mais uma vez está aberto o debate sobre a segurança nas suas vertentes policia e justiça.
Agora vão ser tomadas medidas de melhor coordenação entre policias para melhorar o acesso à informação. Fiquei muito intrigado com esta medida. Mas então a troca de informação não é uma das tarefas correntes de gestão policial? Parece que não.
A mim parece-me que a Policia necessita de reforma urgente, passando a trabalhar por objectivos, com coordenações responsabilizáveis e com aferição destes objectivos.
Por exemplo a gestão da informação de segurança devia ser assunto de tratamento num centro especial que possa estar a par da evolução tecnológica e das suas aplicações à gestão da informação. Não reconheço nas chefias que vêm dar opiniões na televisão um discurso estratégico. São mais funcionários públicos pouco cultos que dizem umas banalidades com ar erudito.
Mas também se discute agora o problema da justiça. E esta é uma área que eu confesso ter um problema muito grande em acreditar. Apenas porque o sector da justiça não é democrático no sentido em que não depende do povo. Não podemos eleger nenhum responsável. Eles elegem-se entre si e fiscalizam-se uns aos outros. O resultado é que os crimes de colarinho branco não são punidos, o caso Casa Pia já nem é falado além de ser curioso que uma instituição com uma história de décadas de violações tenha apenas menos de meia dúzia de possíveis violadores acusados num processo a caminho do arquivo.
Qual é o sinal que se dá?
Que quem tiver dinheiro deve investir em tecnologia e produzir um esquema mafioso pois se for em grande escala nunca será alvo da justiça portuguesa a não ser que algum dos seus elementos seja presidente do Benfica.
A verdadeira reforma será a que nos der a capacidade de votar num responsável pelo Ministério Público e os Tribunais passarem a estar dependentes do Governo. Assim o poder de investigação estará sempre nas mãos de alguém que será dispensado pelo povo se não fizer bem o seu trabalho.
E para ser eleito, tem que nos convencer que sabe o que está a dizer e que tem medidas de acordo com a nossa expectativa.

domingo, 24 de agosto de 2008

Sobrefinanciamento da Saúde

Tenho sempre muita cautela com o que ouço sobre a saúde. É fácil de atacar e poucos compreendem o enorme valor que tem o nosso sistema nacional de saúde. Sempre há coisas a melhorar e um pouco mais de estratégia não fazia mal a ninguém.
Contudo, por vezes fico surpreendido com afirmações que são feitas como por exemplo que os hospitais estavam sobre financiados.
Como todos os fornecedores dos hospitais sabem as dificuldades são imensas e as dividas acumulam-se pelo que se terá de concluir que os gestores hospitalares retêm o dinheiro do orçamento fazendo sofrer desnecessariamente os fornecedores. Se assim é deviam ser imediatamente despedidos. Se assim não é então não se compreende em que aspecto é que os hospitais estão sobre financiados.
Penso que em qualquer parte do mundo uma afirmação dessas exige explicações muito rigorosas porque alguém está a enganar alguém e não convém nada que seja um político, porque se é, e a democracia funciona, então já era...
Será que ninguém estranha estas afirmações?
Todos estão calados com o sistema de saúde porque estamos habituados a que exista sempre uma certa pressão financeira sobre estas unidades muito caras e que muito rapidamente gastam muito dinheiro se não viverem em permanente dificuldade gerando o argumento para descartar exageros. Mas daí a estar sobre financiado parece-me que alguém está a querer por em perigo o sistema hospitalar e isso nós não devemos estar de acordo.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Jogos Olímpicos

Gosto imenso de ver os Jogos Olímpicos. É com prazer que se pode ver um painel com os melhores atletas do mundo, com as poucas excepções de ausência por lesão, que numa ou noutra modalidade se verificam.
A beleza de certas modalidades e o vigor de outras associadas a um espírito de sã competitividade é motivo de grande prazer.
De vez em quando podemos ver actuações de atletas portugueses que nos enchem de orgulho porque sabemos que conseguiram estar entre os melhores e portanto honram o nome de Portugal.
Contudo é com muita tristeza que se vê os jornalistas colocarem as expectativas no topo e depois manifestarem desilusão pelos resultados. Quer dizer que aquelas pachorrentas criaturas, que nunca estiveram entre os melhores em coisa nenhuma,acham que isso não é motivo de orgulho.
Diz o ditado que os amigos se vêm nas ocasiões e eu acrescentaria que deve haver um complexo de inferioridade qualquer que nos faz estar sempre insatisfeitos.
Devemos recordar que somos um país pequeno que mesmo assim apresenta uma delegação muito digna para as condições que tem.
Eu cá tenho muito orgulho nos atletas portugueses e sinto-me muito bem representado desde que não se envolvam em batotas e mostrem, como têm mostrado, que estão a fazer o seu melhor.
Muitas felicidades para estes atletas e para os que não tiveram sorte desta vez esperamos sinceramente que da próxima a tenham.

sábado, 2 de agosto de 2008

Mensagem da Presidência

Antes de mais uma nota de abertura. Estamos num país democrático,que por consequência respeita a lei. A constituição podia ser outra mas o certo é que a nossa articula as instituições de forma a configurar um regime semi presidencial.
Dito isto quando o Senhor Presidente da República faz uma comunicação deve ser feita uma leitura política e de Estado e não reagir como se a nossa opinião tivesse o mesmo valor, porque não tem.

Diz o Senhor Presidente da República que além de alguns artigos inconstitucionais, sobre os quais não há mais a fazer do que corrigir, existem outros que merecem cuidado.

Primeiro fazer uma repreensão aos senhores deputados por terem feito um trabalho destes em dois órgãos legislativos da maior responsabilidade, o que não augura grande desempenho na legislação a produzir em matérias importantes e que impliquem qualidade no uso da técnica legislativa.

Os deputados são homens do povo, seus representantes, mas deviam ser assessorados por juristas, constitucionalistas com qualidade, para não se pôr o nome dos Açores em cheque perante os Portugueses em geral que não sabem o que se passa e pensam logo que alguém lhes quer assaltar a casa, o que penso poder afirmar com propriedade não ser verdade.

Quanto às outras questões levantadas pelo Senhor Presidente, julgo que lhe devem ser remetidas questões muito sérias pelos Portugueses todos, porque claramente fez uma advertência que demonstra ter receios da regionalização e da autonomia. Mas ao Presidente compete assegurar o cumprimento da Constituição e quer a regionalização quer as autonomias regionais estão consagradas na constituição.

Ficamos assim sem perceber se o Senhor Presidente considera a Constituição Portuguesa perigosa.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Universidade

Estava a ouvir rádio enquanto conduzia quando passei por uma estação que estava a transmitir uma série de opiniões sobre as dificuldades financeiras que atravessam as Universidades, nomeadamente a dos Açores.

Fiquei muito surpreendido pois se há local onde a especialização é maior espera-se que seja na Universidade onde o que não falta são licenciados, mestres e doutores. Mas afinal parece que, mesmo assim não conseguem sequer gerar trabalho que pague os seus salários ficando à espera que a Universidade seja como as escolas primárias e secundarias.

Eu sugeria que tentassem valorizar o seu produto - o conhecimento - no mercado porque se não o conseguem fazer então fica uma dúvida terrível. Como podem ensinar tantas coisas se não as conseguem por em pratica?

segunda-feira, 28 de julho de 2008

A noite

Uma visita à noite pela cidade de Ponta Delgada mostra-nos uma cidade pacata.

Há um grupo de jovens no Campo de São Francisco, uns grupos espalhados pelas zonas de bares no centro da cidade e um grupo de pessoas de várias idades nas Portas do Mar. Há medida que a noite avança o efeito do álcool vai-se manifestando.

Policia, só se vê na porta do Banco de Portugal, na porta da Presidência do Governo e nos dois edifícios da Polícia.

Nas Portas do Mar, a fraca iluminação da zona superior não inspira grande confiança e penso que a zona baixa devia ser encarada pela Polícia como sendo uma zona a patrulhar o que não me parece que aconteça.

Já muitas vezes chamei à atenção para o facto de haver uma sensação de insegurança muito ligada à forma como o policiamento das nossas zonas urbanas é realizado.

A missão das polícias tem que ser mais orientada para as preocupações dos cidadãos. Só assim podemos dar um sinal de confiança às pessoas.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Férias

Eis um bom período para verificar como evolui a nossa ilha.

Muito tem sido feito pelo Governo e pelas Autarquias. Mas gostava de realçar o que tem sido feito por outros, pois estes não fazem mais do que a sua obrigação e mesmo assim talvez uma prioridade publica efectiva ao ambiente não fosse mau. Claro que para isso tinha que se deixar de confundir ambiente com paisagem, mas isso já é outra conversa.
Empresas que se reorientaram para o ambiente, que investiram em melhores condições de atendimento ao cliente, que têm serviços pós-venda muito mais eficientes são uma realidade.
Empresários que lutam com dificuldades imensas ao nível da mão de obra muito pouco qualificada e geralmente pouco atenciosa. Veja-se a diferença do atendimento de brasileiros, simpáticos e alegres, enquanto os colegas de cá fazem o grande favor de nos servir.
Enquanto isso temos um conjunto de formadores que precisavam de urgente reforma pois o que se passa é inacreditável. Como é possível que uma Universidade com tanta gente tão formada não consiga valorizar o seu "trabalho" em vez de anunciar que está em crise? Será que ensinam aos seus alunos a ser dependentes de um emprego em vez de ser empresários? Que diabo de incapacidade é essa? Nós nem sabemos o que anda a investigar a Universidade dos Açores nem quais as suas competências, como podemos usar os seus serviços? Se tivermos interesse temos um gabinete de comunicação com quem falar e que nos encaminhe para as pessoas certas?
Não. Nada disso. Não temos nada. Temos a sensação que é muito difícil usar dali seja o que for a não ser o edifício. Assim não nos venham pedir dinheiro.
Bem ajam os que mexem. Os que se mostram vivos.
Um exemplo disso é Clube Naval de Ponta Delgada que após um profundo adormecimento começa a dar sinais de vida com um conjunto exemplar de iniciativas e um bar renovado, moderno e agradável.
Claro que a critica dos que não conseguem fazer mais do que falar mal já se iniciou com um lobby que aproveita a sede dos órgãos de comunicação social pelo enredo.
Viva quem tem auto estima e não se deixa abater pois é com esses que evoluímos. Os outros ficarão esquecidos para sempre.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

EDA

Foi com muita atenção que ouvi a intervenção do Presidente da EDA na AMBITECH.
Sobre os assuntos que interessam e estão na agenda do dia no mundo da energia nem uma palavra.
Para a EDA ainda não há nada a dizer sobre a produção de electricidade por parte dos particulares, com exportação dos excedentes para a rede.
Já a EDP não só está a preparar a rede numa lógica Smart Grid que permite a gestão da qualidade de uma rede multiprodutor como permitirá ainda ter uma gestão da procura de forma activa através de um tarifário dinâmico. Até tem previstas condições de financiamento para apoiar os clientes a instalar painéis solares.
Aqui, como ainda não discutimos este assunto ne se discute os inconvenientes das estimativas em vez de leituras que contribuem para dificultar a percepção do impacto do acto do consumo na factura de energia.
Enfim, nem todas as empresas podem ser desempoeiradas.

domingo, 13 de julho de 2008

A prioridade

A grande prioridade da justiça é punir exemplarmente os alunos que por causa de um telemóvel e de uma estranha professora (que como se viu tinha uma grande amizade com eles) foram vedetas de TV.
Entretanto autenticas cenas de filme com inúmeras armas bem visíveis a TV não dão em nada. Os pobrezinhos, que até dizem que não têm nada que ver com o assunto, apenas têm que se apresentar uma vez por semana a um magistrado.
Bandos nas praias geram o pânico. Parques de estacionamento são assaltados. Tudo normal.
O Problema da insegurança é a aluna e o colega que filmou.
Estará tudo louco? Ou será impressão minha. A autoridade só é forte com os automobilistas (até ao dia em que estes comecem a reagir com caçadeiras). A realidade é que a falta de respeito pela autoridade está a atingir o ponto máximo e, muito sinceramente não sei se podemos estar tranquilos pois isto não me parece que vá por bom caminho.

Seminário AMBITECH

Pode dizer-se que correu bem.
Só é pena haver tanta gente com tanta opinião e ver que quando há conferencias com alguma qualidade muitos profetas não estão presentes e não expõem aquelas teses fantásticas que costumam defender ao contraditório dos especialistas.
Foi bom ver os sistemas com tecnologia de Tratamento Mecânico Biológico a serem abandonados por toda a parte menos no Plano dos Açores.
Ficamos a saber que um dos maiores sistemas nacionais que investiu nessa tecnologia anda a colocar noutros sistemas os refugos (o que sobra depois do tratamento) que mais de metade do total e estão a negociar uma linha de incineração como solução. Ou seja, uns milhões mais tarde faz-se incineração.
Enfim. É sempre difícil ter uma opinião independente das modas. É a vida.

Portas do Mar

Muitas opiniões se ouvem sobre as Portas do Mar. Estive por lá e o que vi é simples. A população estava a precisar de um lugar para dar um passeio à beira mar, comer algo e em segurança (que ainda não há efectivamente mas certamente será corrigido)estar junto ao mar.
A população aderiu e os jovens sentem-se em casa.
Tudo o resto é conversa.
Ponta Delgada ganhou um espaço em que as pessoas podem usufruir, ao contrário de outras obras.
Todos vão esquecer as críticas e os problemas que eventualmente venham a ser detectados serão resolvidos.
Vi lá tanta gente à noite que me lembrei dos velhos tempos em que todos iam dar uma volta na avenida depois do jantar.
São os novos tempos.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Justiça

Sempre que a situação se complica, vem a frase politicamente correcta de que "eu acredito na justiça".
Raramente é verdade. Ou é dito por receio de dizer o contrário e sofrer represálias ou é dito com a convicção de que dizendo isto os outros acreditam na inocência.
A verdade e que nas conversas que se ouvem já poucos acreditam na justiça. Os motivos são variados. A lentidão premeia o criminoso e dá uma sensação de clara impunidade.
Quando as coisas correm mal não temos nenhuma possibilidade de penalizar alguém uma vez que o sistema de justiça não é democrático no sentido em que o povo não vota em ninguém.
Assim como ficamos?
Alguém sabe explicar porque razão um automobilista é espremido pelo sistema de justiça, depois de o ser pelo sistema fiscal e os gatunos são presentes a tribunal e soltos? Alguém explica que é assim que deve ser a quem depois é perseguido por ter colaborado com a justiça como testemunha?
Alguém aceita que só um crime de gravata seja alvo de ordem de prisão em Portugal?
Alguém acha normal que depois deste tempo todo o caso casa Pia ainda se arraste pelos tribunais?
Queremos votar em alguém responsável a quem possamos pedir explicações!
Queremos que o povo seja parte integrante das decisões através da banalização de júris.
Queremos rapidez na justiça e castigo a quem ameaça e rouba. A sensação de insegurança não deve vir deste tipo de gente. Já nos basta a ameaça do clima, do emprego, de novas doenças e de coisas que agora nem me lembro.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Energia - Produção e Consumo

O mundo está com um problema de energia que tem repercussões nos Açores. Mas os Açores têm provavelmente algumas defesas que nem todos se podem gabar.
Se pensar-mos que a energia primária é quase toda importada e que passa por reduzi essas importações a atenuação do problema podemos concluir rapidamente que temos de mudar duas coisas: a forma como a energia eléctrica é produzida e a forma como utilizamos energia.
Neste momento é mais fácil produzirmos energia eléctrica com recurso a todas as tecnologias disponíveis renováveis e de valorização de resíduos e alterar-mos o padrão de consumo para renováveis e electricidade.
A própria EDA devia ter protocolos com universidades para tentar resolver o problema da gestão da qualidade energética num paradigma de produção que não incluí centrais assentes em combustíveis fósseis.
Mas sem dúvida que a distribuição de pontos de carregamento rápido de carros eléctricos têm de ser feitos em acordo com distribuidores destes carros. Se assim não for nunca será possível ter uma frota eléctrica.
O sistema de aquecimento de água também devia ser revisto. Neste momento o aquecimento de água está assente em gás mas podia estar assente em energia solar suportada pela energia eléctrica para manter a água quente mesmo em condições adversas.
A alteração do consumo de energia a favor da energia eléctrica tem a vantagem de resolver a distribuição e poder resolver o problema da disparidade dos consumos entre o dia e a noite através de uma politica tarifária adequada pois o consumo nocturno pode ser muito superior ao que é neste momento. Só não é porque não há qualquer incentivo a isso.
As energias que vão responder rapidamente a este problema serão a geotermia, a energia dos resíduos e a energia solar.
Muito mais tarde, talvez vinte ou trinta anos mais tarde, teremos a comercialização em força do hidrogénio.
A pesquisa tem também de ser direccionada para resolver estes problemas como a gestão da frequência pois as nossas redes são muito sensíveis por serem muito pequenas.
Outra via que podia ser usada era a conservação de energia através da água. Se a água que se encontra em lagoas de altitude produzisse energia em queda durante o dia e fosse bombeada para cima durante a noite produzia-se uma transferência de consumos do dia para a noite que poderia ajudar a aumentar a penetração das energias de base como a geotermia. Para pequenas soluções também o ar comprimido é uma solução relativamente conhecida e dominada.
Vejo é muita conversa e muita lamentação e pouca investigação e planos de acção. Está tudo adormecido com as mãos na cabeça? Ou julgarão que essas coisas se fazem sem acção e comunicação.
A EDA é uma empresa maioritariamente pública portanto era interessante conhecer os seus planos. Ou serão segredo? E a política energética dos Açores qual é?

domingo, 22 de junho de 2008

Novos desafios para os serviços de saúde

A evolução das economias, com crescimento da inflação e dos juros, com forte agravamento dos bens e serviços energéticos e dos bens agrícolas e alimentares veio trazer aos europeus em geral uma perda de poder de compra real.
Esta perda de poder de compra afecta com maior gravidade as famílias com menores recursos e mais endividadas.
Uma das consequências é a menor procura de consultas em consultórios privados e um aumento do recurso aos serviços públicos de saúde.
Num país que insiste em não formar médicos em número suficiente e dotar os centros de saúde de um número de médicos de família que responda com normalidade espero que a política de saúde se ajuste para um crescimento da procura dos seus serviços e para os reflexos financeiros que tal facto provocará.
Continuo a achar que a política de saúde tem que mudar pois assim acabará por não se ter uma resposta efectiva por motivos financeiros.
Possivelmente um crescimento da oferta de formação superior em cerca de 25% e a contratualização de serviços com consultórios particulares sob condições favoráveis para o Estado podia ser um caminho a estudar.
Já agora, a Universidade dos Açores que tem tantas dificuldades podia ter um curso de medicina associado ao Hospital de Ponta Delgada em vez de continuar a fazer mais do mesmo.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Preço do petróleo

O que leva o petróleo a estar mais caro são várias razões das quais a principal é explicada pela Lei das Rendas de David Ricardo, ilustre economista conhecido por qualquer estudante de economia. Não vou aqui explicar tal Lei. Apenas refiro que enquanto não aumentar a produção dos países com petróleo de alta qualidade com custo de processamento que ronda o 1$ o barril, como é o caso da Arábia Saudita, de forma a deixar de ter cabimento o petróleo de má qualidade, que vem misturado com areias e que tem que ser espremido, com um custo de 65$ o barril o petróleo não desce consistentemente.
Por outro lado os países dificilmente farão pressão para que tal aconteça pois são os países que deviam fazer pressão que têm interesses no petróleo de má qualidade.
Assim, o que prevejo é que sejam feitas pressões para aumentar as produções de forma a manter o petróleo na casa dos 120/130 $ por barril. A partir destes valores, mais cedo ou mais tarde haverá um conflito militar.
Por isso penso que devemos começar a fazer estudos no sentido de baixar a intensidade energética do produto, ou seja, poupar energia em todas as fases de produção e consumo final.

Comentários

Lamento imenso mas nunca respondo a comentários não assinados, cartas anónimas ou qualquer coisa do género. Pressuponho que, se as pessoas que produzem tais textos ou desabafos não pretendem resposta ou sequer atenção. Se estivessem certos da sua opinião certamente não teriam problema em assinar.

Tratado de Lisboa

A novidade é que os cidadãos que exerceram o direito de voto na Irlanda não estão de acordo com a ratificação do tratado de Lisboa.
Este é um problema em que os políticos se meteram de difícil resolução. Em pequenas comunidades a consulta da opinião pública funciona muito bem, essencialmente quando estão em questão pequenos problemas que afectam directamente a vida das pessoas e que elas têm uma opinião bem definida.
Mas para questões como a Constituição, Leis Internacionais e Tratados, que abordam matérias vastas e complexas, que passaram por difíceis buscas de equilíbrio entre posições por vezes muito diferentes a consulta da opinião pública tem qual vantagem?
As populações pronunciam-se sobre o quê? Para ter uma opinião sobre o tratado de Lisboa não basta ler, o que duvido que muitos tenham feito, mesmo políticos. É decerto necessário compreender o que está em jogo, e isto é muito mais complexo.
Na minha opinião, devia-se utilizar mais as consultas públicas para coisas como saber se a comunidade de um município concorda ou não com determinada medida e nunca coisas que ninguém sabe o que é e que a resposta é normalmente de recusa pelo receio de se meter em alhadas.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Arrefecimento global

Quando o aquecimento global atingir certo patamar, alguns mecanismos naturais alteram-se e muitas coisas vão mudar no clima.
Hoje a corrente do Golfo conduz uma corrente quente para Norte (felizmente para nós que apanhamos este efeito benéfico que nos aquece a água do mar) proporcionando uma mistura que depois perde efeito e devolve uma corrente fria em profundidade.
Este mecanismo provoca um efeito benéfico no clima, provocando precipitações elevadas quando as massa de ar quente arrastam nuvens para zonas frias, que provocam precipitação.
O aquecimento global provoca a redução das zonas de gelo que acabam por alterar a salinidade do mar dando origem a uma zona de mar muito mais rica em água doce. A diferença de densidade entre a água doce e salgada e a maior reflexão da maior superfície de oceano começarão a provocar um efeito de rápido arrefecimento do planeta. Muito rapidamente se passa de uma época de aquecimento a uma época de glaciação.
Muitos seres vivos não suportarão este alteração rápida do clima e muitas espécies não se adaptarão e serão extintas.
Claro que vamos continuar mais preocupados por a gasolina estar cara do que em deixar de utilizar o mais poluente dos combustíveis de massa.
Entretanto os ambientalistas mais fanáticos continuam a fazer o serviço das gasolineiras que não querem saber do futuro para além da aposentação de resultados do trimestre seguinte e dos EEUU que não querem que a energia nuclear se expanda para não haver muita gente com ideias de passar da utilização civil para a nuclear, ao censurar tudo o que é alternativa real.
É uma pena que assim seja pois com um aquecimento global os Açores ficarão a partir de certa altura com fortes sinais de desertificação e com o arrefecimento sem mecanismos reguladores da natureza não sei o que se poderá passar. Uma coisa tenho a certeza. Convinha que cada um de nós desse o seu contributo, mesmo que pequeno.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Racionalizar

Todos se queixam da subida dos preços da energia. O que já não tem sido tão habitual é assistirmos a anúncios de empresas a anunciar programas de promoção da eficiência energética.
Grande parte dos frotistas têm veículos velhos com consumos muito elevados. Os preços dos combustíveis não vão descer. Mesmo que o Governo decidisse a absurda medida de abolir impostos sobre os combustíveis a baixa daí resultante seria temporária, pois no dia seguinte a subida seguiria o seu caminho, embora, claro de um patamar mais baixo.
Evidentemente que o dinheiro que deixava de entrar nos cofres do Estado também teria de deixar de sair pelo que aquele hospital que se ia fazer seria adiado, as escolas prometidas continuariam a ser uma promessa e por aí fora. Ninguém ficaria satisfeito.
Mas ter um programa de poupança assente numa análise de eficiência poderia fazer poupar rapidamente água, electricidade, gás e combustíveis em grandes percentagens e, aí sim com grande impacto. Esse é o caminho certo.
Devemos perguntar o que podemos fazer em vez de pedir que nos resolvam o problema.
Quanto ao Estado as verdadeiras decisões tardam.
Devia ser divulgado um programa de medidas de poupança energética pelas famílias adequado ao nosso clima e hábitos.
Devia ser implementado um programa de auditorias energéticas que ensinasse as empresas a melhorar a sua eficiência energética, que de acordo com a OCDE não é motivo de orgulho em Portugal.
Devia ser feita uma leitura das necessidades de transportes dos portugueses (e já agora dos micaelenses) e estudar medidas adequadas a uma resposta exemplar de transportes públicos que retirasse das estradas grande parte dos automóveis.
Interessa mais reagir positivamente em vez de cantar mais uma vez fado.

domingo, 25 de maio de 2008

Loucuras do trânsito

Todos têm observado obras nas rotundas de Ponta Delgada que muito perturbam o trânsito em Ponta Delgada. Aliás deve dizer-se que num esforço de coordenação notável iniciaram-se obras em todo o lado o que aconselha os residentes de Ponta Delgada a ir passar umas férias sabaticas para longe.
O que ainda não sabem, ou eu pelo menos não sabia, é que quando estas obras estiverem prontas vai ser o fim do mundo. A complexidade das escolhas que vão ser postas em prática na rotunda de Belém vai proporcionar um exercicio aos condutores que vai ser adoptado para a renovação de carta de condução.
Quando tiver 60 anos, as autoridades vão propor-lhe que inicie uma viagem no aeroporto, conduza até ao nó cego de Belém e volte para o aeroporto. Se não conseguir volta para a semana a tentar. Prevêem-se grandes dificuldades na renovação o que retirará da estrada imensos condutores e constituirá numa forte contribuição para resolver o problema de trânsito de Ponta Delgada e simultãneamente do aquecimento global.
Vão passar a ser noticia corrente choques envolvendo viaturas em sentido contrário.
O que de modo nenhum podia ter sido feito era uma estrada de duas vias para a Ribeira Grande que era certamente bem mais barata do que alterar uma rotunda enorme e com pouco problema. A sua dimensão era tão grande que com poucas alterações podia ser implementado um sistema de semáforos em horas críticas.
Temo que vou chegar atrasado todos os dias.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Custos a subir

Todos os custos têm estado a subir de tal forma que já é inegável que terão impacto no aumento geral de preços pois os custos de produção estão a ser muito afectados.
Por exemplo a pesca tem dias bons e dias maus. Nos dias maus gasta-se muito combustível em troco de nada. Faz parte do negócio. Mas é evidente que o peixe vai aumentar.
Tudo o que é fabricado aumentará e ainda por cima a taxa de juro não pode diminuir pois é a única arma contra a inflação que deve ser evitada a todo o custo, pois empobrece a prazo os mais pobres.
Contudo o preço dos recursos naturais no mercado internacional tem sido descontados por um valor em baixa do dólar.
O real problema será depois das eleições americanas, quando os índices de confiança aumentarem nos EUA produzindo uma valorização do dólar. Aí é que o impacto venho todo de uma vez, embora produza a prazo uma pressão para a baixa dos preços.
De qualquer forma aconselho a prepararem-se para uma década com uma qualidade de vida diferente.
Por exemplo quando eu me reformar vou ter uma reforma de cerca de 60% do salário. Vamos ser velho pobres a não ser que tenhamos a sorte de ter rendimentos patrimoniais.

Testemunhos

Durham releases incineration "business case"

Although the initial capital costs would be higher, incineration of municipal waste is the preferred long-term option. So says the Regional Municipality of Durham -- just east of Toronto, Ontario -- which has just released its business case for a waste-to-energy (WTE) project for residual waste.

The business case compares WTE with landfilling at a location outside the region, but inside the province. According to a financial analysis by consultants at Deloitte and Touche, a WTE plant beats the landfill option because it removes the risk and uncertainty surrounding fuel costs and the shortage of landfill capacity in the province.

The proposed location of the facility would be in Clarington, near Courtice Road and Highway 401. The plant would cost $198 million to build, with Durham Region paying $155 million and neighboring York Region paying the rest. York Region plans to send a portion of its waste to the facility, if and when it's constructed.

Durham will also pay $13 million of the total $17 million annual operating and maintenance cost of the facility.

If federal gas tax funds are used to pay a portion of the initial costs, the Durham Region's facility-related debt would be retired in six years. From 2017 onward, incineration would cost less than landfilling somewhere else, according to the report. If the facility is funded through debt financing alone, it will take until past 2031 for incineration to cost less than landfill.

The business case did not include potential revenue from district heating; such capability would be built into the plant.

Por cá temos os salários mais baixos mas queremos ter as soluções mais caras. Coisas de quem é funcionário público...

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Novas estruturas de resíduos

O Governo divulgou concursos públicos para a realização de infra-estruturas de tratamento e deposição de resíduos em algumas ilhas. Ficamos a saber que vão ser investidos no Corvo 735 M euros numa estrutura que tratará 386 toneladas de resíduos por ano por 15 anos. Ou seja, só a amortização vai ficar por 126,94 € por tonelada. O que significa que se cada família tem 3 elementos e, como diz o PEGRA cada habitante do Corvo produz 1,63 kg por dia teremos que cada casa produz 146 por mês o que corresponde a um custo de amortização de 18,5 €. A isto temos de adicionar o custo da recolha e do funcionamento da central (trabalhadores e transportes). Qual será a tarifa que os habitantes do Corvo vão pagar?
De acordo com a legislação não pode ser menos do que o custo do serviço.
Pobres habitantes destas ilhas que vão pagar tanto pelos resíduos só para se dizer que têm uma solução de pobre. Os ricos são ricos porque não gastam dinheiro desta forma.
Ou será que as estruturas vão ser oferecidas? E se forem então S. Miguel, Terceira e Faial o que vão ter nesta área? Será o financiamento do Fundo de Coesão que tem sido sistematicamente recusado?

domingo, 18 de maio de 2008

Tempo de eleições

Com o aproximar das eleições os políticos dizem imensas coisas, opinam imenso. Uma grande parte do que é dito não tem qualquer interesse. Os próprios não darão no futuro grande importância a grande parte dessas afirmações.
Contudo é uma ocasião para pedir-mos que mostrem sinais de ter sido efectuada uma reflexão sobre os principais temas que se vão colocar aos Açores nos próximos tempos. Pouco interessa se vão construir uma estrada ou duas, ou se vão ter um ou dois barcos. Isso não resolve os problemas realmente importantes.
Mas deve haver clareza política sobre os caminhos para a criação de emprego competitivo e para as políticas de combate à pobreza.
O caminho que tem sido seguido não mostra capacidade de resolver os desafios do nosso tempo. Temos um crescimento generalizado dos preços dos bens de base e do custo da dívida que vai ser catastrófico para as famílias. Que medidas para controlar os preços?
Temos uma dívida ligada ao financiamento da habitação que não é sustentável. Porque continuar a promover novas habitações quando há tantas para recuperar?
Temos um sistema de transportes terrestres inqualificável, baseado num equilíbrio de grandes operadores que não apostam na qualificação da frota (que parece do terceiro mundo) e não responde às necessidades das populações. O elevado preço dos combustíveis podiam encontrar resposta numa alteração radical da política de transportes públicos terrestres.
O transporte marítimo tem sido deixado por conta dos acordos entre operadores. Tudo para que seja a Ilha de São Miguel a pagar o elevado preço de ir a uma ilha levar quatro contentores, uma vez que há uma sistema de subsidiação cruzada e nada transparente. O problema é que os micaelenses pagam e ninguém sequer chega a saber quanto.
Penso que já há maturidade suficiente para os micaelenses pagarem o que têm de pagar e o resto sair directamente de programas orçamentais e no fim fazer-mos as contas. Sei que a ilha de São Miguel tem de ajudar as outras. O que me custa é ver a grande influência política que poucos habitantes têm sobre muitos o que é claramente uma distorção no funcionamento democrático muito grave. Hoje já ninguém quer saber de políticos que enrolam a conversa para darem escandalosamente benefícios às suas ilhas como se o orçamento fosse algo que é deles.
Penso que certos partidos ainda não compreenderam que se algum dia S. Miguel perder a liderança do partido do governo isto pode ser muito perigoso para o actual estado de coisas. Eu cá não aceitava calado uma coisa destas.
Trazer mais transparência ao sistema e ao que se propõe era muito desejável.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Agricultura

A agricultura é uma actividade pouco apoiada e mal apoiada. Em contrapartida a pecuária não tem tanto problema, embora muitas páginas de jornais falem sobre os seus problemas.
A agricultura é mal apoiada porque não premeia as práticas favoráveis ao ordenamento correcto do território, à preservação dos terrenos e à conservação da natureza alem da produção de produtos agrícolas que reduzem a nossa dependência alimentar.
A dependência alimentar é das piores que se podem ter pois os produtos agrícolas importados passam normalmente por processos de comercialização que tentam proteger a conservação pelo tempo necessário ao transporte. O resultado é que as maçãs não sabem a nada e o mesmo se pode dizer de um considerável número de produtos.
A conservação do território é absolutamente necessária, pois sem ela desvalorizamos a nossa paisagem e a sustentabilidade da própria produção.
Mas a razão porque a agricultura é pouco apoiada é porque nós não apoiamos o papel de guarda do território que um agricultor desempenha, ocupando o espaço rural e dando-lhe um ar cativante e agradável. Sem os agricultores nós não teríamos a paisagem que temos e ninguém paga por isso.
Pena que cada vez mais a agricultura seja encarada como uma actividade menor e mal remunerada em vez de lhe conceder-mos dignidade e tentar-mos que os agricultores tenham condições para dar instrução aos seus filhos em vez de lhes darem trabalho assim que têm capacidade para tal.
Era muito importante que os agricultores fossem capazes de desfrutar de boas condições de vida para que assegurassem uma população rural suficiente para travar o trágico crescimento das cidades e vilas sedes de concelho.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Preço dos combustiveis

Muitos têm defendido que os impostos sobre os produtos petrolíferos deviam baixar para atenuar o impacte da subidas dos preços do petróleo.
Na minha opinião nada mais errado.
O preço do petróleo está mais alto e continuará a subir. Mesmo assim está baixo relativamente aos custos ambientais que o seu consumo provoca, ou seja, não internaliza todos os custos que produz. Como a tendência só pode ser subir o melhor é as pessoas começarem a tomar decisões adequadas à despesa que pretendem ter, por exemplo adquirindo automóveis mais económicos ou, no caso das empresas, renovando as suas frotas por veículos mais amigos do ambiente.
São essas mudanças que têm de ser feitas para pressionar a industria a responder com produtos adequados a um novo paradigma energético em que o peso do petróleo tem de ser reduzido.
Se os impostos descessem o orçamento teria de ser compensado pelo menos com a não descida de outros impostos. Ora não está certo que eu tenha de pagar mais IVA nas couves para um senhor pagar menos pela gasolina do seu jipe de cidade que consome 17 litros aos 100 km.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

A fome

Com o recente aumento sistemática dos preços dos bens alimentares a população de alguns países começou a ficar em risco. Claro que os que já viviam com poucos recursos ficaram numa situação de alimentação abaixo dos mínimos considerados razoáveis.
Muitas culpas para esta situação têm sido atribuídas a diversos factores como a produção de biodiesel, a perda de colheitas devido a mau tempo em zonas de habitual grande produção, à evolução do valor do dólar e até ao preço dos combustíveis. Mais recentemente começa a desenhar-se um cenário de especulação sobre o mercado dos bens alimentares idêntico ao que é habitual no petróleo e na bolsa em geral.
A verdade é que muitas coisas mudaram. Nenhum dos motivos explica isoladamente o que se passa. O que é verdade é que não deixa de ser estranho que Portugal tenha tanta pressa de atingir as metas de produção de biodiesel que até se propõe antecipar as metas europeias.
O mundo mudou e grande parte das explicações deixaram de ser adequadas. A verdade é que os recursos naturais e os produtos a eles ligados directamente vão continuar a aumentar de valor e claro que as populações mais pobres vão sofrer mais rapidamente com este facto, pois estão mais desprotegidas.
O mundo precisa de começar a olhar para o modo de produção de outro modo. Temos que usar menos recursos naturais e usar melhor os espaços ainda disponíveis no nosso planeta, como por exemplo os desertos. Claro que esta visão exige muita investigação e desenvolvimento mas é para isso que existem universidades.
Aqui nos Açores podíamos ter desenvolvidos já aquacultura de profundidade, usando as zonas de acesso fácil mas quase sem vegetação como é a zona ao largo de Ponta Delgada para povoar o mar com vida. No fundo um bom exemplo desta possibilidade é o Dori, navio afundado que criou condições para o desenvolvimento de vida à sua volta.
Os Oceanos e os desertos esperam por iniciativas a favor da humanidade e Mar é o que não nos falta.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Concorrência

Um dos princípios elementares do bom funcionamento económico é a garantia que o mercado funciona em concorrência. Por várias razões, entre as quais só assim se garantir a livre entrada no mercado de novas empresas e a prática de preços tanto quanto possível baixos.
Um dos principais problemas neste momento em Portugal (e não apenas em Portugal) é a forma como se regulam os mercados. Como se sabe a Autoridade para a Concorrência tem sido permanentemente envolvida em polémicas que mostram bem o jogo de interesses que se vive nessa área.
Nomeadamente nos Açores o problema põe-se com grande acuidade. Vale a pena perguntar porque a variação dos índices de preços são sistematicamente mais elevadas nos Açores quando só os transportes variam relativamente ao continente.
Será que há alguma atenção à legislação sobre as posições dominantes? Alguém tem por cá a missão de acompanhar a concorrência? Há algum mercado com preços combinados (o que como se sabe é proibido). Será que se verifica concertação de preços e mercados?
Eu, particularmente, parece-me que há muito trabalho a fazer nesta área e já agora gostava de saber se a AdC tem jurisprudência na RAA ou se esta é matéria regional. E se é, quem a exerce?
Julgo que valia a pena saber estas coisas para que o exercício da participação na actividade económica se fizesse com maior liberdade e transparência.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Estamos a entrar o século XXI

O que marca um século não é exactamente a data mas antes as características gerais do funcionamento da sociedade. Ao contrário do que muitos pensam são sempre as pessoas que importam. A forma como se estruturam e relacionam, as tecnologias e os recursos que utilizam, os hábitos que têm, enfim a leitura de uma multiplicidade de aspectos articulados entre si que caracterizam a vida humana no planeta.
Neste momento estamos a atravessar uma alteração significativa da forma de viver no planeta que ainda não é reconhecida pelo discurso público corrente.
A sociedade foi estruturada recentemente (Séc. XX) sobre um bloco democrático e desenvolvido, que premeia o mérito individual, um bloco de países com muitos recursos naturais mas com contradições internas muito acentuadas em que prevaleceu uma classe dominante que não permitiu grandes avanços da democracia e da generalização do acesso a ferramentas básicas como são a educação e o ensino (caso da América do Sul), um bloco de países em que quase sempre prevaleceu a influencia tribal à noção de nacionalidade mantendo vivos profundos conflitos que levaram a uma pobreza chocante, e um bloco de países que sob um regime totalitário e fechado era dominado por uma classe politica e militar que em nome de todos mantinha as condições de vida de povos com grandes dimensões num registo de quase sobrevivência.
As mudanças políticas e as tecnologias de informação mudaram o mundo e democratizaram o acesso à informação. Com isso mudaram as expectativas das pessoas. Agora os sonhos são outros e ninguém consegue lutar a prazo contra os sonhos de um povo. Vive-se uma mudança de paradigma.
Hoje discutem-se as crises ambientais e económicas à luz do séc. XX. É pena que se perca tempo nestas análises e não se veja que não vale a pena fazer esses raciocínios antigos. O que se passa é que metade do planeta começou a participar numa actividade económica produtiva associada ao comércio internacional com grande consumo de recursos e ainda poucas (mas crescentes) regalias sociais. A consequência disto é que os BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) apresentam taxas de crescimento económico elevadas e robustas e o respectivo poder de compra embora ainda muito baixo tem crescido substancialmente.
Os recursos que eram encaminhados para a América do Norte, Europa, Japão e Austrália passaram a ser disputados por estes novos e agressivos clientes.
Claro que, como os países ricos tinham forçado a desregulamentação do comércio internacional como forma de aceder aos mercados de matérias-primas e permitir uma especialização dos países, agora os preços são ajustados no mercado pelos mecanismos da procura e oferta. Pressionados pelo lado da procura, inevitavelmente sobem.
Ficam assim mais pobres os países que eram ricos e mais ricos os países que eram pobres. É a repartição internacional da riqueza gerada globalmente. Nestas fase o valor relativo das coisas altera-se. Ou seja se trocávamos leite por gasolina vamos precisar de mais leite para a mesma gasolina. Isto é empobrecer.
Só resolverá a seu favor este dilema quem conseguir afirmar-se nas novas tecnologias emergentes como a biologia, a medicina e a nano tecnologia só para dar alguns exemplos.
Resta saber se estamos a preparar-nos nessa direcção ou se ainda estamos a pensar na construção civil que é verdadeiramente do séc. XIX. A resposta, que será dada pelo tempo, dirá se vamos manter a longo prazo um enriquecimento crescente ou se pelo contrario vamos destruir a nossa natureza e ficarmos sujos e pobres. Eu sou optimista e espero não ser o único, mas é preciso começar a falar de outros assuntos.

domingo, 16 de março de 2008

O meu carro pode usar água como energia?

Também fiquei surpreendido não pela possibilidade mas pela quantidade de casos com sucesso. Se querem ver com os próprios olhos deixo-vos este endereço:

www.yourmileagesolution.com

Agora vejam quanto podem poupar e se vos vale a pena.

Como conhecer o cérebro dos disléxicos

Como conhecer o cérebro dos disléxicos
:: 2008-01-02 Por Vicente Martins *

Vicente Martins

A dislexia é tema de novela da Globo. O papel de disléxica em "Duas Caras" cabe à actriz Bárbara Borges, que vive Clarissa, uma jovem que tem o sonho de ser juíza, mas sempre enfrentou dificuldades leitoras. Com o apoio da mãe, ela passará no vestibular para o curso de direito. Assim como Clarissa, os disléxicos são pessoas normais que, surpreendentemente, no período escolar, apresentam dificuldades em leitura e, em geral, problemas, também, com a ortografia e a organização da escrita. Como ajudar pais, especialmente mães, de disléxicos? O presente artigo mostra como os pais, docentes e psicopedagogos, conhecendo o cérebro dos disléxicos, poderão ajudá-los a ler e compreender o texto lido.

*Vicente Martins é professor da Universidade Estadual Vale do Acaraú(UVA), em Sobral, Estado do Ceará. E-mail: vicente.martins@uol.com.br




A leitura, como sabemos, seja para disléxicos ou não, é uma habilidade complexa. Não nascemos leitores ou escritores. O módulo fonológico é o único, no genoma humano, que não se desenvolve por instinto. Realmente, precisamos aprender a ler, escrever e a grafar correctamente as palavras, mesmo porque as três habilidades linguísticas são cultural e historicamente construídas pelo homo sapiens.

A leitura só deixa de ser complexa quando a automatizamos. Como somos diferentes, temos maneiras diferentes de reconhecer as palavras escritas e, assim, temos diferenças fundamentais no processo de aquisição de leitura durante a alfabetização. Esse automatismo leitor exige domínios na fonologia da língua materna, especialmente a consciência fonológica, isto é, a consciência de que o acesso ao léxico (palavra ou leitura) exige conhecimentos formais, sistemáticos, escolares, gramaticais e metalinguísticos do princípio alfabético do nosso sistema de escrita, que se caracteriza pela correspondência entre letras e fonemas (vogais, semivogais e consoantes). A experiência de uma alfabetização com êxito é importante para a nossa educação leitora no mundo povoado de letras, literatura, poesia, imagens, ícones, símbolos, metáforas e diversidade de medias e textos.

A compreensão do valor da leitura em nossas vidas, especialmente, na sociedade do conhecimento, é base para desmistificarmos o conceito inquietante da dislexia e do cérebro dos disléxicos. A dislexia não é doença, mas compromete o acesso ao mundo da leitura. A dislexia parece bloquear o acesso de crianças especiais à sociedade letrada. Deixa-os, então, lentas, dispersas, agressivas e em atraso escolar. Os docentes, pais e psicopedagogos que lidam com disléxicos devem seguir, então, alguns princípios ou passos para actuação eficiente com aqueles que apresentam dificuldades cognitivas na área de leitura, escrita e ortografia. Vamos descrever cada um deles a seguir.

O primeiro princípio ou passo é o de se começar pela descrição e explicação da dislexia. Uma criança com deficiência mental, por exemplo, não pode ser apontada como disléxica, porque a etiologia de sua dificuldade é orgânica, portanto, de natureza clínica e não exclusivamente cognitiva ou escolar. Claro, é verdade que um adulto, depois de um acidente vascular cerebral, poderá vir apresentar dislexia. Nesse caso, trata-se, realmente, de uma dislexia adquirida, de natureza neurolinguística e que só com o apoio médico é que podemos intervir, de forma pluridisciplinar e, adequadamente, nesses casos.

Assim, tanto para a dislexia desenvolvimental (também chamada verdadeira porque uma criança já pode herdar tal dificuldade dos pais) como para a dislexia adquirida (surge após um AVC ou traumatismo), importante é salientar que os docentes, pais e psicopedagogos, especialmente estes últimos, conheçam melhor os fundamentos psicolinguísticos da linguagem escrita, compreendendo, assim, o processo aquisição da habilidade leitora e os processos psicológicos envolvidos na habilidade. Realmente, sem o conhecimento da arquitectura funcional, do que ocorre com o cérebro dos disléxicos, durante o processamento leitor, toda intervenção corre risco de ser inócua ou contraproducente.

Os processos leitores que ocorrem nos cérebros dos leitores, proficientes ou disléxicos, podem ser descritos através de quatro módulos cognitivos da leitura: (1) módulo perceptivo, como o nome sugere, refere-se à percepção, especialmente a visual, importante factor de dificuldade leitora; (2) módulo léxico, nesse caso, refere-se, por exemplo, ao traçado das letras e a memorização dos demais grafemas da língua (por exemplo, os sinais diacríticos como til, hífen etc.); (3) módulo sintáctico, este, tem a ver com a organização da estruturação da frase, a criança apresenta dificuldade de compreender como as palavras se relacionam na estrutura das frases (4) módulo semântico, este, diz respeito, pois, ao significado que traz as palavras nos seus morfemas (prefixos sufixos etc.)

Não é uma tarefa fácil conhecer o cérebro dos disléxicos. Por isso, um segundo passo é o aprofundamento dos fundamentos psicolinguísticos da lectoescrita. A abordagem psicolinguística (associando a estrutura linguística dos textos aos estados mentais do disléxico) é um caminho precioso para o entendimento da dislexia, uma vez que apresenta as conexões existentes entre questões pertinentes ao conhecimento e uso de uma língua, tais como a do processo de aquisição de linguagem e a do processamento linguístico, e os processos psicológicos que se supõe estarem a elas relacionados. Aqui, particularmente é bom salientar que as dificuldades lectoescritoras são específicas e bastante individualizadas, isto é, os disléxicos são incomuns, diferentes, atípicos e individualizados com relação aos demais colegas de sala de aula bem como aos sintomas manifestados durante a aquisição, desenvolvimento e processamento da linguagem escrita.

Nessas alturas, todos que actuam com os especiais devem pensar o que pode estar ocorrendo com os disléxicos em sala de aula. Os métodos de alfabetização em leitura levam em conta as diferenças individuais? Os métodos pedagógicos, com raras excepções, se propõem a ser eficientes em salas de crianças ditas normais, mas se tornam ineficientes em crianças especiais. Por isso, cabe aos docentes, em particular, e aos pais, por imperativo de acompanhamento de seus filhos, entender melhor sobre os métodos de estudos adoptados nas instituições de ensino. Os métodos de alfabetização em leitura são determinantes para uma acção eficaz ou ineficaz no atendimento educacional especial aos disléxicos, disgráficos e disortográficos. A dislexia é uma dificuldade específica em leitura, e como tal, nada mais criterioso e necessário do que o entendimento claro do processo da leitura ou do entendimento da leitura em processo.

Não menos importantes do o entendimento dos métodos de leitura, adoptados nas escolas, devem ser objecto de preocupação dos educadores, pais e psicopedagogos, as questões conceituais, procedimentais e atitudinais sobre a dislexia, disgrafia e disortografia. O que pensam as escolas sobre as crianças disléxicas? O que sabem seus professores e gestores educacionais sobre dislexia? Mais do que simples rótulos das dificuldades de aprendizagem da linguagem escrita, a dislexia é uma síndrome ou dificuldade revestida de conceitos linguísticos, psicolinguísticos, psicológicos, neurológicos e neurolinguísticos fundamentais para os que vão actuar com crianças com necessidades educacionais especiais. Reforça-se, ainda, essa necessidade de compreender, realmente, o aspecto pluridisciplinar da dislexia, posto que muitas vezes, é imperiosa a interlocução com outros profissionais que cuidam das crianças, como neuropediatras, pediatras, psicólogos escolares e os próprios pais das crianças.

Na maioria dos casos de dislexia, disgrafia e disortografia, a abordagem mais eficaz no atendimento aos educandos é a psicopedagógica (ou psicolinguística, para os linguistas clínicos) em que o profissional que irá lidar com as dificuldades das crianças aplicará à sua prática educacional aportes teórico-práticos da psicopedagogia clínica ou institucional aliados à pedagogia e à psicologia cognitiva e à psicologia da educação. São os psicolinguistas que se voltam para a explicação da dislexia e suas dificuldades correlatas (disgrafia, dislexias). Hipóteses como défices de memória e do princípio alfabético (fonológico) são apontados, pelos psicolinguistas, como as principais causas da dislexia.

O terceiro passo para os que querem entender mais sobre dislexia é dar especial atenção à avaliação das dificuldades lectoescritoras. A avaliação deve ser trabalhada como ato ou processo de colectar dados a fim de se melhor entender os pontos fortes e fracos do aprendizado da leitura, escrita e ortografia dos disléxicos, disgráficos e disortográficos. Enfim, atenção dos psicopedagogos deve dirigir-se à avaliação das dificuldades em aquisição da linguagem escrita. Nesse sentido, um caminho seguro para a avaliação da dislexia, disgrafia e disortografia é pela via do reconhecimento da palavra. O reconhecimento da palavra começa pela identificação visual da palavra escrita. Depois do reconhecimento da palavra escrita, deve ser feita avaliação da compreensão leitora, especialmente no tocante à inferência textual, de modo que levando a efeito tais procedimentos, ficarão mais explícitas as duas etapas fundamentais da leitura e de suas dificuldades: descodificação e compreensão leitoras.

O quarto e último passo para o desenvolvimento de estratégias de intervenção nos educandos com necessidades educacionais especiais em leitura, disgrafia e disortografia é o de observar qual dos módulos (perceptivo, léxico etc.) está apresentando défice no processamento da informação durante a leitura. Portanto, é entendermos como o cérebro dos disléxicos funciona durante o ato leitor. Neste quarto passo, é imprescindível um recorte das dificuldades leitoras. A dislexia não é uma dificuldade generalizada de leitura, ou seja, não envolve todos os módulos do processo leitor.

Descoberto o módulo que traz carência leitora, através de testes simples como ditado de palavras familiares e não-familiares, leitura em voz alta, questões sobre compreensão literal ou inferência textual, será mais fácil para os psicopedagogos, por exemplo, actuar para compensar ou sanar, definitivamente, as dificuldades leitoras que envolvem, por exemplo, aspectos fonológicos da descodificação leitora e da codificação escritora: o princípio alfabético da língua materna, isto é, a correspondência letra-fonema ou a correspondência fonema-letra.

Se o que está afectado se refere ao campo da compreensão, os psicopedagogos poderão propor actividades com conhecimentos prévios para explorar a memória de longo prazo dos disléxicos que se baseia no conhecimento da língua, do assunto e do mundo (cosmovisão). Quando estamos diante de crianças disléxicas com as dificuldades relacionadas com a compreensão estamos, decerto, diante de casos de leitores com hiperlexia, parafasia, paralexia ou, se estão, também, sobrepostas dificuldades em escrita, ao certo, estaremos diante de escritores também hiperlexia, parafasia, paragrafia, termos clínicos, mas uma vez explicados, iluminarão os psicopedagogos que actuam com disléxicos e disgráficos. A paralexia é dificuldade de leitura provocada pela troca de sílabas ou palavras que passam a formar combinações sem sentido. A parafasia é distúrbio da linguagem que se caracteriza pela substituição de certas palavras por outras ou por vocábulos inexistentes na língua. A ciência e a terminologia, realmente, apontam, mais, claramente, as raízes dos problemas ou dificuldades na leitura, escrita e ortografia.

1. ALLIEND, G. Felipe, CONDEMARÍN, Mabel. Leitura: teoria, avaliação e desenvolvimento. Tradução de José Cláudio de Almeida Abreu. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.
2. COLOMER, Teresa, CAMPS, Anna. Ensinar a ler, ensinar a compreender. Tradução de Fátima Murad. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002.
3. CONDEMARÍN, Mabel e MEDINA, Alejandra. A avaliação autêntica: um meio para melhorar as competências em linguagem e comunicação. Tradução de Fátima Murad. Porto Alegre? Artmed, 2005
4. CONDEMARÍN, Mabel, BLOMQUIST, Marlys. Dislexia: manual de leitura corretiva. Tradução de Ana Maria Netto Machado. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.
5. GARCIA, Jesus Nicacio. Manual de dificuldades de aprendizagem: linguagem, leitura, escrita e matemática. Tradução de Jussara Haubert Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
6. HOUT, Anne Van; ESTIENNE, Françoise. Dislexias: descrição, avaliação, explicação, tratamento. Tradução de Cláudia Schilling. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.
7. JAMET, Eric. Leitura e aproveitamento escolar. Tradução de Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Loyola, 2000.
8. LECOURS, André Roch, PARENTE, Maria Alice de Mattos Pimenta. Dislexia: implicações do sistema de escrita do português. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
9. MARTINS, Vicente. A dislexia em sala de aula. In: PINTO, Maria Alice (org.). Psicopedagogia: diversas faces, múltiplos olhares. São Paulo: Olho d’Água, 2003.
10. STERNBERG, Robert J; GRIGORENKO, Elena L. Crianças rotuladas: o que é necessário saber sobre as dificuldades de aprendizagem. Tradução de Magda França Lopes. Porto Alegre: Artmed, 2003.

Este artigo foi publicado em www.cienciahoje.pt e por ser uma preciosa fonte de informação sobre dislexia considerei melhor inseri-lo sem mais comentários. Espero que a comunidade que se relaciona com dislexicos possa ter acesso à sua leitura. Ficará a ganhar.

sábado, 15 de março de 2008

Energia do futuro

Com a escalada de preços do Petróleo a questão energética ganhou um novo realce. A questão é antiga e por enquanto nem é tão grave como parece, queiram os governos agir adequadamente e queiram as populações apoiar mudanças em vez de optarem por bloquear as soluções.
Antes de mais e sobre o preço do petróleo, em preços reais este está sensivelmente ao preço de 1980. Era um preço alto mas ninguém morreu por causa disso. A questão é simples e cruza-se com factores económicos e estratégicos. Os EUA quase sempre desincentivaram a produção de alternativas ao petróleo devido aos interesses e lobys das grandes empresas petrolíferas americanas. A economia do petróleo assentava em transacções cotadas em dólares.
Com actual situação da economia americana o dólar vem perdendo valor e provocando grande inflação nos países produtores de petróleo que consequentemente pressionam a alta dos preços para corrigir o fluxo real do valor de troca no comércio internacional. Nada de mais. Significa que o petróleo sobe em grande parte para corrigir a inflação dos países produtores de petróleo.
Mas hoje, os EUA não são já a economia dominante. Temos de ver a economia mundial como a partilha das decisões de grandes blocos em que os EUA são muito importantes mas temos de ter em conta que a Europa hoje é mais do que um conjunto de pequenos países, uma vez que apresenta políticas coordenadas no comércio internacional.
Por outro lado a Rússia, a China, o Japão e a Índia têm uma influência fundamental nestas questões uma vez que são grandes economias em crescimento rápido.
Assim, temos de que perceber que este ano começou com moderação porque os dois primeiros dois meses do ano revelam normalmente excedentes de stocks e até o mercado regularizar com as aquisições dos especuladores há uma tendência para a baixa de preço. Agora retomaremos a subida habitual, só contrariada por uma crise muito elevada.
A Europa, com um EURO forte tem pago a factura do preço do petróleo não directamente mas essencialmente num plano indirecto pois os seus produtos exportáveis ficam mais caros (menos competitivos) e os produtos dos países externos abrem caminho a baixos preços nos nossos mercados discutindo taco a taco posições de mercado nas prateleiras dos supermercados e do comércio.
As soluções são muito bem conhecidas. Investir na energia nuclear de 4ª geração, que controla os resíduos perigosos a quase nada (uma central com capacidade para abastecer Portugal produz um quilo de resíduos perigosos por ano)o que permite uma solução integrada simples parece ser a solução mais efectiva e mais amiga do ambiente, até porque permite outras mudanças tecnológicas. Por exemplo os carros eléctricos ou híbridos com carga eléctrica podem abastece-se aproveitando em grande parte os períodos de menor consumo.
Claro que a solução global não é apenas nuclear. Será um mix de soluções adequadas a cada local, aproveitando as capacidades de cada lugar incluindo o seu clima e recursos.
As empresas eléctricas têm de mudar os seus comportamentos, tal como as sociedades reguladoras, pois os preços têm que reflectir a pressão sobre o sistema e a energia tem que influenciar mesmo as horas de consumo pelo factor preço. Consumir electricidade à noite tem que ser mesmo muito barato e nas horas de posta muito caro.
Por outro lado o comportamento humano tende sempre a fugir ao razoável e ter um comportamento assente no interesse momentâneo pelo que se prevê que a existência de uma grande frota eléctrica ou híbrida com recarga eléctrica das baterias produzirá um aumento de consumo eléctrico que pode ir até 40% na ponta o que significa que o problema da produção estável de um nível de potencia versus um consumo oscilante não é fácil de gerir. Mas isto também tem solução pois existem muitos sistemas ambientais que podem beneficiar desta situação como os sistemas de tratamento de águas residuais ou de dessalinização de água para consumo, ou ainda, no caso dos Açores da transferência de água oxigenada para as lagoas aumentando o caudal das respectivas descargas durante o dia que resolveria o problema da eutrofização.
Enfim, prevê-se uma longa discussão mas creio que até a energia dos resíduos acabará por ser naturalmente aceite, tal como todas os outras que são preferíveis ao uso intensivo de CO2.
O comportamento humano reage negativamente à mudança e a tudo o que é diferente. Tem medo. Quando assim é surgem sempre aqueles que se tornam conhecidos por meter medo. São os mais modernos terroristas. Nada a fazer. O mundo continuará a sua marcha uma vezes mais depressa outras mais devagar. No fim tudo se resolverá. Mas é necessário olhar para as empresas energéticas e exigir-lhes que mudem activamente e não se habituem à posição confortável habitual. O mundo mudou e as empresas por maiores que sejam ou mudam ou morrem.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Podem os meteoros criar vida?

Uma equipa da Universidade de Copenhaga, juntamente com dois colegas da Universidade Sueca de Lund concluíu que a vida orgânica experimenta uma grande diversificação em muito curtos períodos de tempo.
Normalmente associa-se a chuvas de meteoros a extinção de vários animais, como aconteceu à 65 milhões de anos com os dinaussários. Agora lança-se a hipótese de essas ocorrências também despoletaram novas formas de vida orgânica permitindo o aparecimento em curto período de tempo de um novo paradigma orgânico, quer animal quer vegetal.
A recolha de dados de História Natural mostra que em determinadas épocas, como entre 490 e 440 milhões de anos, o planeta Terra foi atingido por mais de 100 meteoritos em simultâneo. Pensam estes cientistas que esta ocorrência terá gerado a vida na Terra, principalmente nos oceanos. Depois, 40 milhões de anos mais tarde verificou-se novamente uma ocorrência semelhante e surgiram criaturas multi celulares complexas.
É interessante como uma crise abre sempre novas oportunidades. Não é?

domingo, 9 de março de 2008

Alternativas Energéticas e Novo Paradigma Económico

A existência de um grupo de empresários interessados em desenvolver investimentos destinados a produzir combustíveis líquidos a partir de resíduos sólidos é uma boa notícia.
A credibilidade dos investidores é inquestionável. Não nos habituaram a falar do que não é realidade. Para ser público é certamente um projecto que já foi alvo de ponderação e estudo, tendo-se concluído pela sua valia.
Este tipo de projectos, num futuro próximo serão banais, pois são vantajosos em termos de emissões de CO2, principalmente no caso da gasificação de biomassa, e são uma alternativa aos combustíveis derivados do petróleo, cujo preço é tendencialmente mais elevado criando espaço ao desenvolvimento de novas soluções.
Os investimentos nas novas energias criam empregos, riqueza e impostos, capacidade tecnológica, cientifica e de investigação. Queira a Universidade dos Açores aproveitar esta oportunidade.
Os Açores podem criar diversas soluções energéticas a partir de resíduos ou de origens naturais ainda não aproveitadas para serem consumidas por via eléctrica, líquida, gasosa ou térmica.
A exploração destas energias pode constituir um vector de desenvolvimento que não se limita a substituir os consumos de combustíveis fosseis mas podem criar excedentes energéticos que funcionem como vantagem competitiva para atrair sectores com grandes consumos energéticos, vendendo energia abundante e barata em certas condições.
Assim, estes projectos trariam, além de um valor próprio, investimento externo muito importante para a criação de um novo pólo de desenvolvimento.
Claro que o que se descreve se insere numa mudança de paradigma de desenvolvimento. Não é fácil mas já foi feito no norte da Europa.
Estes projectos devem ter o estatuto de interesse estratégico regional, com um acompanhamento diferenciado e transversal de forma a garantir a optimização do potencial de geração de riqueza.
É bom ver que os factores estratégicos deste século são para já a água e a energia. São dois sectores que merecem a máxima atenção dos principais decisores.

sábado, 8 de março de 2008

Dislexia

No site da APDIS – Associação Portuguesa de Dislexia (http://www.apdis.com/dislexia ) encontrei o texto que passo a descrever.

O QUE É A DISLEXIA?

Dislexia: (do grego) dus = difícil, mau; lexis = palavra

"Embora se fale de dislexia, ao certo sabe-se ainda muito pouco, as respostas
são insuficientes, as crianças, as famílias, as escolas, vivem esta problemática desamparados"

Dislexia é...

"Uma desordem, que se manifesta pela dificuldade de aprender a ler, apesar da instrução ser a convencional, a inteligência normal, e das oportunidades socioculturais.
Depende de distúrbios cognitivos fundamentais que são, frequentemente de origem constitucional."
(Federação Mundial de Neurologia, 1968).

"A Dislexia é uma dificuldade duradoura de aprendizagem da leitura e aquisição do seu automatismo, junto de crianças inteligentes, escolarizadas, sem quaisquer perturbações sensoriais e psíquicas já existentes.
(APEDYS - França).

Nem os pais, nem os professores são responsáveis por esta dificuldade específica de aprendizagem. Porém não devem ignorá-la.

Sinais de Alerta

Problemas de Aprendizagem relacionados:

- Dificuldades na linguagem oral;
- Não associação de símbolos gráficos com as suas componentes auditivas;
- Dificuldades em seguir orientações e instruções;
- Dif. de memorização auditiva;
- Problemas de atenção;
- Problemas de lateralidade;

Na leitura e/ ou na escrita:

- Possíveis confusões
(ex: f/v; p/b; ch/j; p/t; v/z ; b/d...)
- Possíveis inversões;
(ex: ai/ia; per/pré; fla/fal; cubido/bicudo...)
- Possíveis omissões:
(ex: livo/livro; batata/bata...)

Respostas urgentes a implementar:

- Criação de estruturas de despiste e reeducação precoces.
- Consultas multidisciplinares para avaliação compreensiva de casos.
- Formação de professores numa pedagogia específica.
- Meios de informação sobre estruturas de apoio a alunos com dislexia.

Problemas de Aprendizagem relacionados:

- Dificuldades na linguagem oral;
- Não associação de símbolos gráficos com as suas componentes auditivas;
- Dificuldades em seguir orientações e instruções;
- Dificuldades de memorização auditiva;
- Problemas de atenção;
- Problemas de lateralidade;

Como se pode ver muitos dos nossos jovens filhos apresentam um grande número destas características o que se transforma no maior problema deles. Nem pensem que a escola dá por isso ou que os professores estão formados nesta matéria. São muitos poucos os que reconhecem um disléxico e que o trata convenientemente. O que é mais normal é acharem a criança rebelde, pouco interessada e pouco inteligente, coitadinha. E com isso destruem o ego e o prazer de aprender de um jovem que ou tem pais que tentam corrigir o problema ou o desempenho afunda-se e a auto estima fica afectada durante anos, o que não ajuda nada a melhorar a situação.
Estas crianças são inteligentes e não se adaptam aos processos pedagógicos que por cá vigoram. Não há, ao contrário de outros países, nenhuma estratégia consistente para um assunto que toca a entre 5 e 10 por cento das crianças, em graus diferentes, é claro.
Se há dúvidas quanto a este ponto peço que vejam a lista, inserida na página referida, de grandes homens e mulheres que surpreendentemente eram disléxicos e por isso não foram grandes alunos mas marcaram a sua geração.
Espero que a nível regional se possa dar passos vanguardistas para melhorar esta realidade.

O ensino dos nossos filhos

Temos assistido a entusiásticas manifestações de milhares de professores por todo o país. Desde logo ficamos com a dimensão do problema. São imensos.
Reclamam contra a Senhora Ministra da Educação, o que não é novidade porque sempre me lembro de ser assim. Quer os alunos quer os professores nunca acharam que os Ministros da Educação estivessem a fazer um bom trabalho. Agora apenas estão mais entusiasmados porque sentem que vão passar a ser controlados, o que para eles é uma coisa do outro mundo. Claro que não sabem que todos os trabalhadores do país são controlados de alguma forma, por vezes de formas bem injustas e tendenciosos e não andam aí a dizer que o mundo vai acabar.
Como país temos perfeita consciência que não há qualquer controlo, e portanto incentivo, sobre o trabalho dos professores, que muitas vezes apresentam materiais preparados quando eram novos e os vão repetindo, mesmo já amarelos da antiguidade e sem qualquer interesse. Outras vezes, os métodos pedagógicos são desincentiva dores e insistem mais na critica do que no incentivo.
É verdade que eu acho que o nosso sistema de ensino é mau, pouco imaginativo, pesado, pouco gradual, exigindo-se de inicio graus de complexidade elevados para quem ainda não consolidou as bases, e, pior que tudo, apresentado muitas vezes de forma desinteressante.
Os professores competem hoje com meios modernos e apelativos de media que exigem o bom senso de reposicionar a transmissão de ideias tirando partido do que está disponível e não continuando a insistir em sonolentas aulas de exposição em português quase macarrónico.
A mudança de tudo isto está nas mãos da classe de professores e não do Ministério. Mas o que fizeram os professores? Nada. Continuaram como dantes, preocupados com o salário e com a reforma, mas sempre dizendo que estão muito cansados e que os alunos são cada vez piores.
Como as pessoas se têm sempre em elevada conta e tudo tem que mudar menos elas, eu pergunto sempre porque não mudam de emprego? Recebo sempre um olhar de ódio. No fundo a maioria dos professores perderiam muito com a alteração de emprego.
O sistema de ensino é gerido de acordo com uma ideia revolucionária de autonomia e de direcção colectiva que já provou em todo lado que não funciona e já nem nos países que eram comunistas se pratica. A conclusão é que há mais compromissos do que gestão e o resultado é o caos.
A Senhora Ministra também é professora e compreendeu que entre muitos problemas há um que pode ser resolvido e a prazo trará uma acrescida dignidade e respeito pela classe dos professores, indispensável à obtenção de melhores resultados. A gestão das escolas e das pessoas que recebem salários para cumprir com o grande objectivo que é isto tudo - a formação dos nossos filhos.
Claro que tem que haver quem manda na escola, claro que tem que haver um processo de avaliação (do que tenho ouvido ninguém sabe em que consiste o processo proposto pelo ministério) que permita orientar a formação e reciclagem de professores, tentando dar um rumo pedagógico mais moderno e mais produtivo.
No fundo a Senhora Ministra já ganhou. Porque os professores dentro de pouco tempo terão os país contra eles. Todos os alunos já foram maltratados pelo sistema e lembram-se disso. Os país são mal recebidos nas escolas embora os professores se queixem de falta de acompanhamento e desinteresse dos encarregados de educação.
Há muito para mudar e os milhares de bons professores existentes só teriam a ganhar com este processo de mudança enquanto os milhares de professores que não se adequaram aos sinais dos tempos encontrarão motivação para sair do sistema ou mudarem através de formação e actualização.
Entretanto o apoio que os professores sentem é apenas porque as pessoas normalmente não gostam dos governos quer porque a gasolina está cara, ou pela prestação da casa que aumentou, ou porque os impostos são elevados, enfim, haverá sempre um motivo. Mas este estado de espírito não dura sempre.
Já agora não resisto a dizer que acredito muito mais na geração que aí vem do que na que hoje tem já maturidade. Os jovens são mais rápidos, desprendidos e abertos à mudança. Acredito num Portugal melhor quando forem eles a mandar (e a ensinar).

sexta-feira, 7 de março de 2008

ITB: uma plataforma para o turismo dominicano

Na abertura da Bolsa de Turismo de Berlim (ITB), o ministro dominicano do Turismo, Félix Jiménez, afirmou que 26 milhões de turistas visitaram a República Dominicana nos últimos dez anos. Doze milhões chegaram da Europa e três milhões da Alemanha. Apesar do crescimento turístico, as transformações na infra-estrutura, lideradas pelo setor privado e o Banco Popular, são pouco conhecidas no exterior.
Jiménez informou que neste ano começarão suas operações o hotéis Westin-Macao (Punta Cana) e o Four Season (La Romana), enquanto começará a construção do complexo Ritz Carlton (Punta Cana), e do hotel Aman (Rio San Juan), em 2009.