domingo, 26 de dezembro de 2010

FMI: sim ou não?

Temos ouvido demasiadas vezes para o meu gosto que vem aí o FMI ou que devemos fazer tudo para evitar essa vinda.
Acontece que o FMI não pode vir aí porque já cá está. Nós somos membros efectivos do FMI que é uma instituição que serve para ajudar e não para fazer mal.
A ideia que o FMI é um papão é muito estranha. Tenho pensado donde vem esta ideia e julgo que é evidente que é um receio que é lançado e que é popular até porque o FMI representou para os comunistas um terrível obstáculo ao seu avanço em Portugal.
Quem lança essa ideia vê no FMI um obstáculo aos seus interesses. E que interesses podem ser esses?
O Governo é refém de diversos grupos de interesse como são os médicos, os advogados, os juízes, os banqueiros, os industriais, enfim, grupos que ganham mais do que deviam e têm muito a perder se uma instituição que não seja permeável a grupos de interesse vier controlar a execução das medidas de ajuste macroeconómico.
Quem tem a ganhar com um acordo de cooperação com o FMI são precisamente os outros grupos menos favorecidos e que costumam a ser alvo das fantásticas medidas governamentais.
Ou seja os pobres, os empregados e os que têm pouco poder são os que ganham com um acordo com o FMI.
Mas os grupos de interesse sabem disso e preferem empurrar o Governo para solicitações de apoio a países como a Venezuela ou a China, que têm interesse em fazer bons negócios sem grandes exigências de controlo, pois na realidade estão-se perfeitamente nas tintas para o facto de vivermos melhor ou pior.
Assim, sendo estou ansiosamente a aguardar um acordo feito a pensar no futuro dos portugueses em vez de dar tanta importância ao que pensam os notáveis do país que quando morrerem não farão falta nenhuma, como então se verá.
Já agora essa ideia que o salário mínimo não pode aumentar para 500 euros é um bom sintoma das prioridades dessa classe dominante que prefere a escravatura à justa remuneração de quem trabalha.
Com os diabos - será que conseguem viver com 475 euros?

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Economia precisa-se

Muito se tem falado de dividas. Muito se tem falado de novo riquismo e de algo próximo do Fontismo. Do que se tem falado pouco é de economia.
Na realidade, só a produção de bens e serviços adequados a um mercado (seja ele qual for) que pague um preço compensador pode mudar mesmo as coisas. O resto são banalidades e truques.
Não é por escrever um orçamento que inscreve verbas menores nos diversos capítulos que as despesas se reduzem. É antes fazendo um trabalho de fundo que primeiro reponha as prioridades do estado e depois estude a melhor forma de as satisfazer.
Provavelmente, o caminho de penalizar as empresas para arrecadar mais receitas para pagar sabe-se lá o quê e a quem interessa não é o caminho.
As empresas são pessoas com capital e conhecimento. Tanto podem estar cá como em outro qualquer sítio. Claro que falo das mais relevantes, aquelas que criam emprego e riqueza.
Os políticos, pelos vistos, preferem as "piquenas e médias empresas", ou seja, aquelas que sendo importantes, não mudam o curso da história. Parece que agora é crime ser grande e com capacidade de internacionalização.
Estamos num mundo global e pensamos como se estivéssemos numa aldeia.
Porque não pensamos antes no que é preciso mudar para atrair empresas em vez de as empurrar para fora?
Reduzir o Estado podia começar por reduzir os Ministérios, vender pelo menos metade das empresas públicas.
O estado devia reduzir o orçamento reduzindo as suas funções e os seus empregados. Mas não é fazendo de conta. É reduzindo mesmo sem atenuar nada.
Um estado baseado no essencial e com funções de regulação era mais barato, mais ágil, menos corrupto, provavelmente dificultava menos a vida da economia.
Mais cedo ou mais tarde teremos uma geração nova que se irá impor com novas ideias. Talvez aí as coisas mudem.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Euro

Tem sido recorrente a pressão de jornalistas a querer saber se Portugal vai sair do Euro.
Parece que gostavam que isso acontecesse. Nem fazem ideia dos que lhes aconteceria.
Se um país em dificuldades arriscasse tal solução iria ser alvo de uma avalanche de problemas que hoje nem se sabe bem quais seriam. Alias nem se sabe bem como e em que termos essa saída seria realizada.
A divida em euros seria contabilizada em euros enquanto nós passaríamos a ter uma moeda que para simplificar seria o escudo.
Qual a paridade de inicio entre o escudo e o euro? A desvalorização que aconteceria de imediato que consequências teria nas nossas relações comerciais? Teríamos dinheiro para pagar as importações? E o que aconteceria a um investimento estrangeiro?
Uma coisa seria certa. A emigração seria explosiva e o empobrecimento seria rápido e radical.
Mas deixemos de parte essa possibilidade e pensemos de forma diversa. Qual é o único país que não teria problema em sair do euro? Resposta simples - A Alemanha.
Então porque não saí a Alemanha do euro até o grupo euro se reequilibrar com uma desvalorização lenta e ganhos de competitividade que produzissem um novo período de empobrecimento logo seguido de um crescimento económico mais dinâmico.
Então porque não solicitamos que a Alemanha saía do Euro durante 5 anos e nos deixe equilibrar os nossos países nesse período, para desenvolver programas sérios de reestruturação das finanças públicas e das empresas financeiras, de forma devidamente articulada e com o acompanhamento de um organismo de supervisão, que não deixasse ninguém fugir da linha nesses 5 anos.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Saúde

Hoje vejo uma notícia sobre os cortes no Hospital de Ponta Delgada. Fiquei sinceramente preocupado. Vejam lá se não tenho razões para isso.
Nos últimos quatro anos a minha vida foi salva duas vezes pelo médico de prevenção da especialidade de Gastroenterologia.
Esse médico de prevenção vai deixar de existir e com isso poupa-se 40 mil euros por ano.
Como certamente a minha vida não foi a única a ser salva, fiquei a saber que o valor da minha vida para a Secretaria da Saúde é mesmo muito baixo.
Se isso acontecer uma coisa é garantidamente verdade. Nunca me esquecerei do nome dos que foram responsáveis por tal decisão.
É preciso que as más decisões fiquem definitivamente coladas a quem as tomou. Não me esquecerei de repetir a história em todas as oportunidades.
Já agora e a propósito das medidas na saúde subentendo que a Secretaria da Saúde pretende desqualificar o Hospital de Ponta Delgada como Hospital Universitário. Mais uma boa ideia uma vez que não é um Hospital Terceirense (desculpem-me que nem sequer sou bairrista mas cheiro-os à distância).

domingo, 31 de outubro de 2010

Uma dúvida terrível

No dia 10 de Outubro a Moody's faz um comunicado a baixar o rating do BPN e informa numa nota enviada à imprensa releva que as ajudas de liquidez do Estado ao BPN, sob a forma de papel comercial, já ascendem a 4,6 mil milhões de euros.
Depois parece que vão ser concedidos mais 400 milhões para posteriormente vender por 180 milhões.
Se tudo isto não me disse-se respeito estaria tranquilo. Mas este montante é quase o que se tem que baixar o défice este ano e que dar um murro nos orçamentos dos Portugueses.
Assim, fico com uma terrível dúvida. Quem recebeu estes 4,6 mil milhões? E quem ainda ficou de fora e vai receber os restantes 400 milhões?
E porque é que agora, que não há qualquer risco sistémico se vai por 400 milhões para depois receber, de acordo com a previsão, 180 milhões?
Eu gostava muito que deixassem de gastar milhões, e muito menos milhares de milhões. Passem a gastar euros como todos nós.

sábado, 30 de outubro de 2010

Reabilitação urbana

Tema muito antigo mas muito mal tratado - a reabilitação urbana - volta agora a chamar à atenção por dois motivos essenciais:
1. A crise na construção civil e a ausência de uma carteira de obras adequada à capacidade instalada no sector;
2. O estado em que se encontra boa parte dos edifícios dos centros das cidades.

Este é um assunto que mostra várias fragilidades da política urbana, em primeiro lugar, e da estratégia dos nossos empresários, em segundo lugar.
Passo a explicar o meu ponto de vista.
Políticas caóticas ao nível do ordenamento do território promoveram a construção imobiliária nos arredores das cidades, sem estruturas ou serviços de apoio, mostrando um desprezo absoluto pelos núcleos urbanos.
As casas foram envelhecendo e é muito difícil fazer obras porque as exigências são absurdas. As cidades tem hoje poucos moradores no centro.
Vou dar alguns exemplos das dificuldades de quem pretende reabilitar uma casa no centro de uma cidade. Um projecto para ser aprovado tem que obedecer a princípios térmicos e acústicos, ter degraus com determinadas medidas nas escadas, garantir o acesso a pessoas com fraca mobilidade, etc.
Provavelmente até terá de ter um parecer de uma pessoas que julgam ser o garante da cultura e que vivem numa cidade construída entre 1980 e 1990 com a mesma forma que tinha até 1980. Que falta de imaginação.
São tudo boas ideias para casas novas. Mas para casas antigas significa que cada obra acaba por se transformar em por a casa abaixo (mantendo a fachada) e construir de novo após realização de vários projectos na tentativa de obter uma aprovação. Quem tem uma casa com escadas de pedra do séc XIX está impossibilitado de as usar a não ser que tenha instale um elevador com dimensões para uma cadeira de rodas. Bestial.
Quanto aos empresários, no frenesim de tanto construir de raiz perderam a habilidade de entrar nas nossas casas com urbanidade e realizar obras limpas, sem encher tudo com pó. A própria qualidade dos trabalhos é precária porque se perderam as profissões que eram capazes de reparar um corrimão de madeira ou um estuque antigo.
Uma política de reabilitação urbana passa por flexibilizar regras e definir tempos e espaços de intervenção. Doutra maneira esta será sempre uma conversa sem efeito prático.
Quanto às empresas penso que a tarefa fica facilitada. Há sempre as que se adaptam e as que não. No fim ficam as que mostraram compreender os sinais dos tempos.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

FMI

Estava a falar com um amigo que me dizia que era muito mau se o FMI viesse cá. Fiquei curioso por que razão teria tal receio e perguntei-lhe.
A resposta é curiosa e é aceite por muitos.
O FMI defende o interesse dos bancos e vai-nos apertar o cinto para que os bancos possam reaver os créditos que nos concederam.
O FMI exige e não ouve. Corta a direito nos interesses dos trabalhadores e dos pobres.
Perguntei-lhe se sabia que o problema era nós dever-mos demais. Disse-me que sim.
Perguntei-lhe se tinha alguma vez ouvido falar em alguma pressão por parte do FMI para que nos tornasse-mos nos campeões do crédito. Claro que não, foi a resposta.
Então o que se pode perguntar a viciados do crédito sobre gestão do crédito? Achas que o FMI ganhava alguma coisa a perguntar ao Governo Português alguma coisa sobre o que fazer?
Claro que o Governo sabe muito bem o que teria de fazer à muitos anos. Mas escolheu mais crédito como um viciado quer mais droga.
Portanto a solução tem de ser bruta e rápida para que seja possível nós ( e não os nossos filhos) voltar-mos a respirar.

O SEE

O Sector Empresarial do Estado é alvo de um conjunto de medidas das quais se pode tirar algumas conclusões:
1. As empresas deste sector são mal geridas e devem reduzir fortemente custos;
2. Há gestores a mais pelo que devem ser reduzidos;
3. Algumas empresas (as da lista) são dispensáveis pelo que devem ser privatizadas.

Outras conclusões se podem retirar mas fiquemos com estas que já me merecem algumas perguntas:
Se as empresas são mal geridas porque não se mudaram mais cedo os gestores? Já agora que critérios são seguidos para convidar uma personalidade para gestor de determinada empresa?
Se há gestores a mais era preciso vir um orçamento para resolver este problema? Quem representa o Estado como accionista destas empresas? O que anda fazendo? Que informações transmite? Porque não se adequou à mais tempo a gestão das empresas às necessidades?
Por fim qual é o critério para privatizar?
A mim parece-me que se devia definir qual o critério para serem publicas e todas as outras seriam privatizadas. Era mais transparente.

Aproveitamento de estruturas

Muitas vezes temos uma ideia fechada sobre as estruturas e não nos recordamos de actividades que podem rentabilizar adicionalmente as estruturas existentes.
O primeiro exemplo que dou recai sobre as escolas que estão fechadas no verão e para nada servem. Podiam ser aproveitadas como estalagens de juventude, locais para funcionamento de postos de rastreio médico, ou outras actividades como exposições em articulação com museus municipais ou bibliotecas.
A utilização destes espaços também podia servir para concertos ou outras actividades culturais que no fundo se desenvolvem com maior intensidade em período de férias.
Outro exemplo recai sobre o foro doméstico. Muitas são as pessoas que têm casas grandes, do tempo em que a família alargada era grande e que após a saída dos filhos e o falecimento dos país fica um casal a viver numa casa demasiado grande. Uma parte deste espaço podia ser transformado em ateliers ou em escritórios, ou mesmo alugado a estudantes e a turistas. Nestes casos há alguns assuntos a tratar mas nada de complicado.
Estas actividades podiam trazer um rendimento adicional e criar uma oferta descentralizada no espaço mas sempre em lugares centrais, onde há claramente vantagem para os utilizadores/clientes.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sinais

As políticas que têm sido implementadas em Portugal e que vão agora ser aplicadas ainda com maior intensidade dá sinais estranhos para quem quer sair da pobreza.
Aos gestores e quadros das empresas, que estudaram e esforçaram-se com carreiras sem horas é apontada a arma da justiça do Robin dos Bosques. Vê como compensação do seu trabalho um ataque odioso a uma remuneração que pode ser elevada em Portugal mas que verdadeiramente não é muito elevada se comparada com outros países.
Estava a ver uma entrevista feita com malícia ao Ministro responsável por esta estranha política e pensava. O pobre do Ministro envelheceu a olhos vistos nestes anos no Governo e ganha cerca de um oitavo da radiosa jornalista. A ele todos apontam o dedo enquanto ela tem a incumbência de ser atrevida.
Os verdadeiros responsáveis competentes deste país vão acabar por emigrar ou, se já não se acharem com forças para isso vão dar a melhor formação possível aos filhos e prepará-los para ir viver para outro país.
Por cá tentar fazer o melhor que se sabe gera invejas e acaba por se ser maltratado.
Melhor é ser espertalhão e arranjar uns ganhos ilícitos que se acaba por ser convidado para festas e é verdadeiramente sexy.
Acho que deviamos começar a tratar melhor os que fazem bem o seu trabalho e conseguem nivelar por cima as organizações a que pertencem.
Isto se não queremos acabar a fazer camas para turistas pobres de países ricos.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Orçamentos de contenção

Em boa verdade todos os orçamentos públicos devem ser contidos porque o dinheiro é publico e deve ser respeitado e gasto só quando há um motivo claro para isso.
Esta não é a nossa tradição.
O orçamento para 2011, que antes de ser conhecido já devia, pelo que dizem, ter sido aprovado, não é suportado por uma verdadeira reforma do Estado. Juntar umas quantas direcções gerais ou empresas não serve para nada, nem sequer poupa coisa alguma para além do aparente salário do gestor afectado. Provavelmente os custos da descoordenação subsequente serão superiores a esta poupança fictícia mas popular.
Por um qualquer motivo o povo acha que todos são boy's e portanto quanto menos houver, melhor. Mas o povo nem sempre tem boa informação e, consequentemente, nem sempre tem razão.
Os cargos públicos cada vez são ocupados por personalidades de menor qualidade porque não há condições atractivas para quem tem alternativas melhores.
O orçamento baseia-se em dois princípios fáceis de perceber:
1. Corta nas despesas dos outros e saca-lhes o mais possível em termos de cobrança de impostos;
2. Como não há qualquer reforma do Estado, da sua parte só pode reduzir nos salários.
O que me parece é que o conceito de Estado que temos em Portugal está desfasado dos recursos que o país tem.
Não vale a pena recolher mais impostos para manter benefícios que, mais cedo ou mais tarde, serão revogados. Apenas fazemos esta agonia durar mais tempo sem reformar de facto o que está no centro da despesa.
Temos que ter menos Estado, ou seja, menos apoios e direitos vários que, estando assumidos, são perfeitamente passíveis de alteração.
Os direitos à justiça e ao bom nome, à igualdade de tratamento por parte do Estado, à democracia e outros tantos que realmente importam é que devemos ter o cuidado de não perder.
Os direitos assessórios devem entrar em profunda discussão para, num prazo curto, nos entender-mos quanto à reforma profunda e necessária que Portugal e a maioria dos países da Europa necessitam. Nós estamos mais aflitos porque temos uma economia mais frágil, mas o problema é de conceito e é bem europeu.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Trabalho

Neste momento há muitas pessoas sem trabalho, o que diga-se, é verdadeiramente preocupante.
Mas quem está atento vê com frequência ofertas de trabalho que permanecem em montras durante muito tempo. Quem está familiarizado com o mercado de trabalho também sabe que por vezes é difícil encontrar mão de obra adequada às funções em causa. Mas todos também sabemos que não é por falta de pessoas sem emprego e com condições para o desempenho das tarefas desejadas.
Estes são os problemas estudados pelos laureados com o Nobel da Economia de 2010 e parece que as suas teses deviam ser melhor compreendidas e absorvidas pelas políticas de regulação de mercados.
O que se propõe é que as políticas públicas intervenham nos mercados aumentando a informação disponível de forma a tornar o mercado mais eficiente.
Se todas as necessidades de recursos humanos fossem rapidamente satisfeitas o número de desempregados baixava certamente, o que, indiscutívelmente era bom.
O mesmo se aplica à venda de casas, caso aliás bastante estudado por estes economistas. Enquanto há pessoas que não encontram a sua casa, há imensas casas que não encontram comprador. Não é de crer que nenhuma das casas que está à venda não sirva aos potenciais compradores.
Uma das formas de reduzir os problemas da economia é aumentar a eficiência dos mercados. Este é um caminho que tem sido pouco trabalhado e que não exige grandes orçamentos.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Responsabilidade

Foi penoso acompanhar este Mundial de Futebol.
Péssimo futebol, com jogadores em posições incompreensíveis.
Uma estratégia aterradora. Igual para todos os adversários, o que revela uma falta de capacidade que nenhum treinador da primeira liga portuguesa tem.
Um sofrimento do princípio a fim.
Assim parece-me que é o Sr. Madail que chegou ao fim e deve demitir-se.
Por mim não vou ver mais jogos até isto concertar.
Com esta situação antes não ver futebol e voltar a esperar pelo bom futebol do Benfica, que aquece a alma, mesmo de alguém como eu que não percebe nada de futebol.
Responsabilizar os verdadeiros responsáveis, os que escolhem os seleccionadores é que é urgente.
A responsabilidade parece-me ser claramente dos dirigentes da Federação Portuguesa de Futebol.
Mas como eu não acredito que em Portugal se faça o que é óbvio para resolver o problema parece-me que, no fim, ainda vamos ter uma selecção sem os melhores jogadores e com treinadores de campo como seleccionadores.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Portugal Logístico

Tenho acompanhado com pouca atenção a discussão do TGV. Muito do que se lê não parece boa ideia nem sensato.
Não li os estudos produzidos mas, sinceramente, não acredito muito que tenham sido realmente úteis.
Isto porque ou quem deles fala também não os leu ou dizem um monte de disparates.
Vejamos que interesse tem uma linha que nos ligue à rede de bitola europeia. Parece certo que não se trata de promover o turismo Madrileno para umas praias que nem têm muito interesse.
Mas vejo outra utilidade, que até dispensava o tgv. A promoção de Sines como centro logístico alternativo da Europa, aproveitando o crescente comercio com a América do Sul e do Norte passa por ter uma linha que permita embarcar mercadorias em comboios com destino directo aos centros europeus. Isto poderia criar uma dimensão logística a Portugal muito interessante.
Pouco interesse tem ir de comboio para Madrid. Mas criar um centro que pode ser uma fonte de riqueza e de emprego de grande dimensão parece ser "fazer o óbvio".
Portugal tem condições para se tornar num dos maiores centros logisticos do mundo, competindo directamente com Amsterdão. Precisa pensar mais no ganho do que no gasto.
Façam lá a linha a partir de Sines e deixem o TGV para mais tarde.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

A Dívida Pública e a Dívida Externa

Esta a ler um documento e verifiquei que por vezes se confundem dois problemas distintos.
A dívida externa refere-se a activos do exterior e em termos líquidos seriam perto de 98% do PIB (de memória) em 2008. Por exemplo a Grécia teria apenas 75, bem como a Espanha e a Itália teria 25%.
Já a Divida Pública seria em 2009 77% do PIB em Portugal, 53% na Espanha, 115% na Grécia e 116% na Itália.
Estas diferenças são muito importantes.
Com uma dívida externa grande estamos em risco de bancos de outros países não nos emprestarem dinheiro. Mas não é só ao Governo. É também aos bancos e por consequencia às empresas e aos cidadãos. Por isso todos têm que reduzir as suas dívidas. Conhecido popularmente por apertar o cinto.
Já a Dívida Pública é um problema mais fácil de resolver pois basta o Estado deixar de gastar que o problema se resolve. Como o Estado se endivida consumindo poupanças internas e externas o efeito da sua redução é muito grande na resolução dos dois problemas.
É por isso que o mais essencial é que o Governo mude de vida.

O Mundo Mudou

Tem sido muito comentada a mudança do mundo. Para uns, acabou de mudar nas últimas semanas, para outros, nada mudou e são tudo desculpas para justificar percalços.
Mas há quem pense que este século mudou muito a economia, uma mudança sistemática ao longo dos anos, infelizmente não foi para melhor.
Vejamos os argumentos dos que, como eu, pensam que o mundo tem vindo a mudar.
O comercio internacional e as finanças globalizaram-se sem preconceitos. Os países que no século eram comunistas e fechados são hoje os maiores operadores especulativos com fundos soberanos.
O envelope financeiro mundial, incluindo activos reais tradicionais e instrumentos financeiros novos é de 15 vezes o PIB mundial.
Entre 1980 e 2007 os activos tradicionais (acções, depósitos e obrigações) aumentaram 9 vezes, passando de 1,2 para 4,4 vezes o PIB mundial.
O mercado de derivados over-the- couter aumentou 7,5 vezes nos últimos 10 anos, ou seja, passou de 2,4 para 11 vezes o PIB mundial.
Enquanto o capital financeiro real valia, em 2007, 241 biliões de dólares o capital virtual valia 683 biliões de dólares.
Estes números podem ser vistos com mais pormenor na revista Exame de Maio de 2010.
Quando a economia muda desta forma, os modelos de serviam para tomada de decisão ficam obsoletos.
Uma nova análise económica tem que surgir, incorporando meios analíticos e um corpo teórico adequado.
O que se tem feito é atirar as culpas para o adversário e defender as soluções que dão mais benefício ao respectivo lobby.
O problema é que este caminho não conduz a uma solução.
Muita economia real está hoje na posse de fundos soberanos de países com um interesse estratégico diverso doo nosso.
O crescimento da economia financeira, que aposta na eterna ambição do homem, está a pôr em risco o nosso futuro.
Não podemos mudar o mundo mas podemos reduzir a nossa exposição a esses riscos, antes que percamos a nossa independência nacional.
Não é o que temos feito.
A nossa dívida externa era em 2000 de 38% do PIB e em 2008 tinha crescido para 97% do PIB.
Com este aumento a nossa fragilidade a qualquer perturbação tornou-se evidente.
Quem opera na espuma da economia, em negócios como as vendas over the couter (sem cobertura)sabe que os mercados fragilizados podem permitir operações com grandes lucros.
Vender hoje activos que não se possuem para entrega numa data futura, aumentar com isto a liquidez do mercado e pressionar o preço em baixa, comprar mais barato no dia antes da data acordada para a entrega do activo e ganhar a diferença é um negócio interessante mas que tem um efeito demolidor sobre as bolsas e sobre o valor das moedas. Isto sim é economia de casino e devia ser proibida pois não contribui para o bem estar das populações.
O truque para evitar isto tudo é não dever.
Claro que podíamos ser nós a fazer a reforma constitucional e posteriormente na educação e na saúde onde são alocados grande parte dos recursos nacionais.
Mas pelos vistos vamos ter de fazê-la aos empurrões sem qualquer delicadeza porque somos incapazes de mudar enquanto ainda temos alguma riqueza.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

O Ilustre caso da boa professora

Todos dizem que a professora era exemplar e que todos gostavam dela. Posou para uma revista masculina famosa, não uma qualquer, e foi alvo de um processo de afastamento para uma zona escura e longe das pobres criancinhas.
Pena que esta pena de afastamento da boa professora nunca seja notícia pela aplicação a maus professores, a professores desequilibrados, daqueles que diariamente prejudicam as criancinhas.
Estranho critério este.

As inúteis discussões sobre economia

Muitas opiniões se têm ouvido sobre economia.
De facto perdeu-se o hábito de falar de política.
O que está em causa não é um problema económico mas antes um problema político.
O que está em causa é como a esperança de vida deve ser repartida entre preparação, vida activa e reforma.
Quem e como se financiam as reformas.
Não interessa saber se o défice é 3 ou 5% do PIB mas quem paga as dívidas. Qual o desfasamento entre gerações é aceitável e qual não é.
E se a divida deve ser reduzida o melhor é começar a discutir qual a parte da saúde e da educação é mais adequado serem os respectivos utilizadores a pagar.
Do ponto de vista económico uma economia é tanto mais saudável quanto menores forem os recursos subtraídos pelo Estado, pois assim mais recursos podem ser encaminhados para investimento sem ter de recorrer a capital externo que vai ter de ser pago com exportações de bens ou serviços.
Recorrer a capitais externos é a forma mais rápida de perder primeiro competitividade e depois a autonomia enquanto país.
É de autonomia nacional que se está a falar e não do IVA ou do salário do ministro. Isso são assuntos menores, embora por vezes incomodem.
Os economistas têm vindo a dizer à décadas que os desequilíbrios externos são preocupantes. De que serve se logo se arranja um economista pago por alguém para dizer que o caminho é o Estado gastar o que não tem porque isso vai ser uma solução óptima. E, claro que esse alguém tem uma empresa que produz aquilo que é, curiosamente, o que melhor é para o Estado gastar, ou investir como é corrente chamar a quem gasta dinheiro em coisas sem qualquer retorno.
Venham políticos de outra geração e resolvam isto com transparência e sem medos. Por favor.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

A LUZ de Fátima

A viagem do Santo Padre a Portugal foi muito benéfica para todos.
Logo no avião vislumbrou-se um papa iluminado, com um discurso sábio e adequado ao momento.
Foram feitas afirmações muito sérias sobre a Igreja e sobre o mundo que mostram que a Igreja acertou o passo e depois de uns meses a dizer tolices sobressaiu a sabedoria de uma instituição bi-milenar e de um Papa capaz de fazer uma leitura adequada que traduz as posições de uma Igreja moderna e capaz de desempenhar um papel decisivo neste século XXI.
Fico muito feliz por ver essa capacidade porque me parece que as mensagens que densificam a ética e as opções sociais e políticas são absolutamente necessárias nesta época em que decisões catastróficas são tomadas com muita velocidade e sem recorrer a nenhuma sabedoria.
É esta Igreja actual e actuante que nos faz falta e Portugal está mais uma vez no centro desta reorientação.
Só espero que a comunicação tenha a presença de espírito de nos revelar a mensagem profunda, mas suspeito que mais uma vez se vai ficar pelo nível da espuma.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Grécia - a lição

Durante este fim de semana os ministros das finanças da Zona Euro e o FMI concordaram em fazer um financiamento de 110 mil milhões à Grécia em troco da garantia de implementação de um Plano ambicioso (forma agradável de se dizer muito duro)de regresso a um défice máximo de 3%.
Este plano inclui medidas como a supressão do 13º e 14º mês de salários na função pública e um aumento de 1% do IVA para 22%.
Estas sim são medidas com muito impacto pois significam a redução de 14% da despesa com salários e, simultãneamente um aumento da receita.
Espero que comecemos a levar a sério o nosso PEC pois se ele não resultar acabará por nos acontecer o mesmo.
Aqui os sindicatos vão mesmo ter de entender que se querem fazer bem aos seus representados não devem levar o país a uma situação destas.

sábado, 1 de maio de 2010

Expectativas elevadas

Durante algum tempo fui escrevendo sobre a necessidade de ter algum cuidado com as dividas. Este assunto virou de repente no único assunto, pois alguém o sistema financeiro começou a ameaçar desinteressar-se de emprestar mais dinheiro porque o risco é muito elevado para alguns países.
Coisa engraçada esta. Ainda não passaram muitos meses que os bancos foram salvos pelos Estados e agora viram-se contra eles. Há casos de bancos que gozam de empréstimos de fundos a baixo preço e agora emprestam aos países a preço anormalmente elevado criando lucros elevados.
As notações que as empresas dão aos países são agora muito cautelosas para um pequeno conjunto de países para dar a ideia que os problemas do passado foram corrigidos.
Penso que é a altura de regular o sistema de avaliação de risco e de criar condições para o surgimento de um novo clima menos tóxico na relação entre financiadores e financiados.
Quanto aos Estados vamos passar por um momento muito difícil pois ninguém parece acreditar que os países não podem gastar mais do que têm.
O clima de contestação vai subir porque ninguém quer saber de mais nada para além do seu próprio problema.
Esperamos que os políticos consigam gerir as expectativas e levar o país a bom porto.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Salários desconfortáveis

Muito se tem falado sobre salários.
Num momento de grande dificuldade para muitas pessoas chocam as notícias de salários principescos. Será que estes salários nos devem chocar?
Na minha opinião depende muito do que estamos a falar.
Sempre terá de haver salários baixos e salários altos. Mostram uma diferença entre a banalidade e a escassez de capacidades. Mostram ainda a responsabilidade que é assumida no desempenho da profissão.
O problema é quando os salários são tão altos que não se encontra qualquer justificação para isso. O efeito de escassez não se verifica quando se percebe que o que é desenvolvido em determinada empresa seria na mesma se outro fosse o gestor.
Principalmente em empresas que gozam de condições de domínio de mercado ser francamente bom gestor é algo que exige revolucionar e não apenas manter o business as usual.
O argumento de comparar os salários com outras empresas do sector não tem sentido. Estamos em Portugal e o gestor de substituição terá um salário português. Mesmo o argumento que a empresa é privada não é muito válido porque se perguntarem aos pequenos accionistas que representam a maioria do capital destas empresas verão que não estão de acordo com o pagamento de salários gigantescos e desproporcionais.
O que há é um grupo de pessoas que se defendem muito bem e decidiram que deviam receber milionáriamente. Esse grupo actua de forma concertada, promovendo as representações cruzadas necessárias a manter a situação.
Este ambiente é socialmente corrosivo e impede o país de tomar as medidas que são necessárias pois o choque social trará um clima de instabilidade insustentável.
São necessárias medidas urgentes para corrigir esta situação.
Dêem poder aos pequenos accionistas e portem-se bem nas assembleias gerais das empresas públicas.
Já agora quem achar que ganha mal em Portugal pode sempre emigrar. Tenho muita curiosidade de ver o que acontecia a tão insubstituiveis criaturas.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Valor Acrescentado Regional - RAA

As estatísticas dão-nos por vezes uma boa fotografia do que tem sido a transformação da economia açoriana. Algumas alterações são notáveis o que não quer dizer que sejam boas ou más. Vejamos algumas alterações notáveis do PIB dos Açores entre 2004 e 2008:
- A agricultura reduziu o seu valor em 22%
- A produção e distribuição de electricidade, gás e água aumentaram 56%
- O comércio aumentou 20%
- A educação aumentou 30%
- A saúde e acção social aumentaram 20%
Em boa verdade os sectores relacionados com o Estado ou com a produção de serviços públicos aumentaram vigorosamente e a agricultura reduziu-se fortemente.
Os restantes sectores mantiveram crescimentos médios à volta dos 15% que é um aumento mínimo se atendermos à evolução dos preços.
Repare-se que a indústria transformadora (que é basicamente agro-alimentar) tem um aumento de 15%, o que significa que consegue pressionar a agricultura para manter a competitividade no mercado, mantendo os seus números.
O resultado é que a estrutura do VAB em 2008 mostra uma maior dependência do Estado do que em 2004. Os aumentos excepcionais da Educação são disso um exemplo.
Parece-me que a análise da economia como um todo devia começar a ser repensada. Seria muito tranquilizador ver a agricultura e a indústria a aumentar 30% e os sectores dependentes do Estado a manter os seus valores.
É muito necessário implantar uma nova agricultura, moderna e geradora de valor acrescentado elevado, que incentive empresários e trabalhadores qualificados ou muito qualificados a permanecer no sector.
Basta ir a uma superfície comercial maior para se verificar que a incapacidade dos agricultores terem produtos locais nas prateleiras é imensa e está só garantida no leite UHT porque de resto até as alfaces têm forte concorrência.
Já agora o Valor Acrescentado soma os rendimentos do trabalho, do capital e impostos gerados em cada sector.

sábado, 3 de abril de 2010

Pedimos perdão

Pedir perdão é uma atitude muito cristã. É um pedido que se faz para redimir um pecado. A Igreja tem mostrado uma face de terrível desajuste dos tempos em que vivemos. Tem reagido mal a denuncias de abusos, com declarações de eminentes figuras da Igreja que mais parece que não estão no seu perfeito juízo.
Pedir perdão pelos pecados cometidos não é coisa que se faça quando se pratica um crime. Ou seja, até se pode pedir perdão e Deus pode perdoar, mas os crimes são julgados pela justiça dos homens, como é evidente.
O que se pretendia ouvir da Igreja era outro discurso. Por exemplo, pedir perdão mas dar instruções para não ocultar com mudanças de paróquia e estratagemas do género os crimes de abuso cometidos por padres.
Claro que não se pode perdoar a uma instituição que convive com o crime e oculta provas à justiça.
A autoridade da Igreja está muito abalada porque hoje se sabe que a instituição tem um comportamento que não é aceitável e só não foi ainda fortemente punida porque ainda goza de um respeito muito grande. Ninguém quer ser contra a Igreja. Espero que a Igreja deixe de ser contra nós.

terça-feira, 30 de março de 2010

Um dia muito especial

Hoje é um dia muito especial.
Uma experiência realizada no CERN fez colidir dois feixes de protões a uma enorme velocidade gerando uma concentração de massa muito elevada, ou melhor, a mais elevada obtida pelo homem desde sempre.
Desta concentração pode dar elementos que permitam esclarecer muitas matérias, nomeadamente relacionadas com o acontecimento dos acontecimentos que ocorreu à 13,7 mil milhões de anos - a formação do Universo.
Além do surgimento de partículas desconhecidas pode também surgir alguma luz sobre o bosão de Higgs, o que seria deveras interessante.
O acontecimento não traz mais do que a esperança que nos próximos meses surjam os resultados das centenas de medições efectuadas que serão estudadas para se extrair conclusões.
A seguir nos próximos tempos alguns físicos portugueses que acompanham estes assuntos e fazem o grande favor de escrever sobre eles para leigos como eu.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Avaliação precisa-se!

Calculem que têm um filho no 10º ano e que, embora sempre tenha sido bom aluno de repente apanha 5 em matemática.
Imaginem que o respectivo professor é muito conceituado e nunca avisou os pais de coisa alguma. Considera portanto normal.
Como pais preocupados perguntam se isto aconteceu a mais alunos e a conclusão é que a turma inteira teve uma razia.
É evidente que o professor está com um problema qualquer e não está a ter um desempenho adequado.
Pensam que o grupo de matemática, o conselho pedagógico, directivo ou outra qualquer estrutura de professores se ocupa destes assuntos. A resposta é não. A Escola está-se marimbando.
Sabem o que acontece se fazemos uma participação à inspecção escolar? Nada. Se o professor está em fim de carreira e já com processo em Tribunal reforma-se e ainda tem direito a festa.
Quanto ao aluno fica destruído e desprotegido.
Isto é o que se passa e é revoltante.
É pena que o ensino esteja assim porque sem avaliação estes professores incompetentes, loucos ou o que seja dominam a cena sem problemas.
Venha a avaliação depressa.
Antes que seja tarde.

Saúde oral

Tenho estado a observar ultimamente que diversas pessoas têm uma péssima saúde oral. Comecei a reparar nisso porque o mau hálito de certas pessoas me incomoda seriamente.
Mas aprofundando este reparo observo que diversas personalidades que aparecem na televisão, enfim, figuras públicas, têm os dentes num estado péssimo.
Antes de mais não é minimamente estético, nem sequer sexy, mas o que me preocupa é a razão por que tal fenómeno acontece.
Será o tipo de alimentação? A higiene (ou falta dela) oral? Falta de dinheiro para consultar um especialista?
Não sei qual é a razão, mas este é um problema que não atinge só os mais desfavorecidos.
Estranho, não é?

domingo, 28 de março de 2010

Cidadania

Observando as estatísticas sobre as habilitações e conhecendo as pessoas em causa facilmente compreendemos que a falta de habilitações é um problema grave do nosso país, fazendo com que as possibilidades de progresso económico e social fiquem francamente debilitadas.
A verdade é que há uma reprodução de pobreza cultural que transforma seres humanos potencialmente capazes em seres dependentes que vivem do que podem obter da sociedade sem para ela contribuir.
As teses sociais que são hoje dominantes têm facilitado a vida a essas pessoas uma vez que a subsistência (e muito mais) está garantida e não têm, em boa verdade, de fazer uma avaliação do rumo que dão às suas vidas.
A educação dada por pessoas que vivem à margem das regras sociais reproduzem pessoas iletradas sem regras nem noção de cidadania.
Suponho que se todos os que não atingem o 9º ano de escolaridade até aos 18 anos fossem obrigatoriamente incorporados num serviço militar com a missão de lhes dar uma qualificação profissional e regras de conduta de cidadania, o incentivo para o não abandono do sistema escolar era maior e o respeito pela colectividade saía fortemente reforçado.
Não estou absolutamente certo que se possa ou deva implementar um sistema destes mas já no que respeita aos resultados não tenho dúvida alguma que seriam muito interessantes.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Teremos futuro?

Parece que teremos o que quiser-mos. Se fizer-mos o que se deve fazer claro que teremos futuro. Mas parece que será negro se continuar-mos à espera que os problemas se resolvam sozinhos.
O grau de conflitualidade está perigosamente elevado. O discurso deixou de ser sobre o Estado e passou a concentrar-se em coisas que, pelo menos a mim não dizem respeito.
Vejamos o quadro:
O OE (Orçamento de Estado) totaliza 153.505.598.484 euros.Destes 95.706.271.001 euros estão na rubrica "Gestão da Dívida e da Tesouraria Pública".
Ou seja, quando falamos de OE estamos essencialmente a falar de 55 mil milhões de euros que é o que não resulta automaticamente da dívida. Destes, 10.863.538.045 euros são salários e 27.476.985.294 euros são transferências correntes.
A primeira conclusão é que se reduzir-mos a dívida ganhamos espaço orçamental.
Mas o que se tem feito é, de vez em quando vendemos umas coisas (GALP, Banca,...) e surge o tal espaço orçamental.
Mas como se continua a fazer orçamentos deficitários a divida cresce e em 10 anos temos de novo o nó na garganta.
O que desta vez há que fazer parece simples. Tornar a solução irrepetível.
Preparar novo plano com regularização da dívida com vendas de património (e lá se vai a Caixa Geral de Depósitos)e, antes de o aprovar, negociar uma norma constitucional que proíba os Governos de gerar défices orçamentais, sob pena de perda automática de mandato.
Assim a discussão que se evita sempre sobre as funções do Estado e o que deve ser reduzido ou melhorado será obrigatória.
Mobilizar o país para uma solução concreta parece-me mais fácil do que dizer que estamos muito bem, mas os salários é que não podem ser aumentados aos que auferem salários normais, enquanto prémios milionários continuam a ser pagos.
A verdade é que uma sociedade mais justa é sem sombra de dúvida melhor.
Trabalhar para o futuro é acreditar que somos capazes de mudar.
Será que esta geração que está no poder é capaz?

Imigrantes

É natural que os países tenham políticas para atrair capital financeiro e humano.
Para o financeiro procuram-se bons investidores, principalmente aqueles que fortalecem o nosso perfil exportador.
No que respeita ao capital humano procuramos indivíduos com altas qualificações, capazes de trazer mais valia intelectual.
Alguma confusão neste último objectivo tem vindo a tornar habitual artigos de opinião a defender a legalização de emigrantes que não obedecem às condições estipuladas para o efeito. Ou pior, a comparar imigrantes ilegais com problemas de justiça com os repatriados dos EUA para os Açores, mas que entretanto não nasceram cá nem têm cá qualquer familia e muitas vezes nem falam português.
As comparações ficam sempre com quem as faz e mostra o rigor com que estes assuntos são tratados.
Quanto ao que devia acontecer é muito simples. Cumpra-se com a lei e repatriem-se os ilegais sem condições de legalização e, mais rápido ainda os que mostram problemas com a justiça. É que antes dos direitos vêm os deveres e quem não compreende isso não vai compreender nunca.
Quanto àos imigrantes com um perfil muito baixo de habilitações é de todo evitavel nos Açores. Temos, ao que parece, um terço das familias açorianas com apoios ao nível do rendimento de inserção que constituem mão de obra disponível para o mundo do trabalho, a forma mais dignificante de viver em sociedade.
O que há que fazer é aproximá-los do trabalho e mostrar-lhes como uma vida de trabalho pode ser compensadora.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

República Portuguesa

Antes de mais gostava de afirmar que nunca pensei em ser defensor da monarquia.
Vamos comemorar o primeiro centenário da República Portuguesa. Não queria estar na pele dos políticos que têm que fazer discursos sobre o assunto.
A verdade é que não há muito para comemorar.
A República Portuguesa foi proclamada a 5 de Outubro de 1910. Daí até 1926 decorre o período a que se chama normalmente a 1ª República. Foi um período tumultuoso da vida portuguesa, com a primeira guerra pelo meio, em que a marca foi o empobrecimento e a insegurança. Período, portanto triste.
A seguir o exército tomou o poder em 1926 e em 1928 Salazar foi nomeado Ministro das Finanças. Logo em 1932 foi nomeado Presidente do Conselho de Ministros. Até 25 de Abril de 1974 segue-se um período de forte limitação da liberdade e de ruralização da mentalidade portuguesa. Será que é este período que querem comemorar?
Depois vem com o 25 de Abril o período revolucionário em curso com a descolonização e uma forte perturbação da vida dos portugueses. É um período em que tudo é posto em causa. Também não é altura que se possa comemorar.
Em 1977 temos o primeiro Governo com uma orientação política europeia e começa o aperto do cinto, como normalmete é denominada pelos portugueses a política de controlo das finanças do Estado.
Daí até agora temos vivido uma democracia frágil que ainda não conseguiu garantir uma justiça forte, independente e credível, uma estabilização do ensino e uma economia suficientemente geradora de riqueza para viver-mos sem uma permanente ameaça dos credores.
Esta República tem muito para dar e temos todos de trabalhar para isso, mas até agora não há muito para festejar. Vamos por isso assistir a discursos inflamados sobre virtudes imaginadas e irreais. A não ser que alguém tenha o arrojo de fazer uma análise rigorosa e culta e de mostrar os caminhos para percorrer num futuro que nos leve a ter razões para comemorar o 2ª Centenário da República.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Low Cost

Vou quebrar a tradição e falar sobre aviação. Mas vai ser excepção sem regra.
Recebi um e-mail para aderir a um pedido ao Governo para promover low cost para os Açores.
Qualquer companhia de qualquer país europeu pode fazer voos low cost para os Açores sendo apenas para isso necessário um procedimento normal junto das autoridades aeronáuticas.
Assim sendo, pedir ao Governo deve querer dizer que se pede ao Governo que paga à empresa o que ela achar conveniente para fazer os ditos voos. Ora parece-me que os voos low cost são uma manifestação do cruel e livre capitalismo, cuja lógica de esmagar custos e de operar em regras de eficiência máxima não se coadunam com negócios cujas regras são ditadas por governos e, muito menos ainda com pressões políticas como esta que agora se vê.
Na minha opinião pedir voos low cost é a melhor e mais eficaz forma de não os ter.
A melhor forma seria mostrar que as companhias que operam actualmente têm imensos lucros.
Low cost é do mundo dos lucros e dos investimentos e não dos pedidos políticos.
As companhias low cost cancelam voos quando lhes apetece e não há jornalista que lhes meta medo.
Para ter low cost é preciso ter muitos passageiros para diluir o custo fixo da escala e a tornar em "low cost".
Não se trata de voo subsidiado.
Aqui o verdadeiro instrumento de política acaba por ser a SATA Internacional que, enquanto for uma empresa dos Açores pode olhar menos para o lucro e mais para o desenvolvimento dos Açores, como julgo que faz.
Quanto aos vôos entre os Açores e o Continente, sujeitos a regras de serviço público para passageiros e carga, a questão é outra. Uma companhia qualquer poderá aceder aos concursos públicos e depois fazer promoções e baixar os preços.
Duvido que com os custos dos aeroportos da ANA e com o número de passageiros existente alguma companhia considere que tem condições de trabalhar com custos baixos e flexíveis.
O melhor mesmo é concentrarmo-nos nos turistas que têm dinheiro para viajar e deixar os que não têm fazer campismo num sitio mais perto de casa.
Quanto a nós vamos juntar dinheiro pois de facto não é fácil viajar com o nível de salários que temos.
Não somos ricos mas já fomos muito mais pobres.
Por tudo isso acho que aquele e-mail não serve senão para chatear...

domingo, 3 de janeiro de 2010

Mensagem

As mensagens do Presidente da Republica são sempre importantes. São fortemente reveladoras do clima sócio-económico e da conjuntura.
A mensagem que ouvimos recentemente foi muito significativa. Chamou à atenção para a terrível situação em que se encontra Portugal sem que a população dê sinais de estar preocupada com algo que esteja para alem do umbigo.
Era muito bom que as forças sociais, das quais se destacam os sindicatos e as associações patronais, e os Partidos políticos dessem ouvidos e pusessem em prática as recomendações do senhor Presidente da Republica.
É reconfortante verificar que as nossas preocupações são partilhadas com o mais alto responsável pela nação.
Se pensar-mos a longo prazo e fizer-mos as coisas certas conseguimos dar a volta a esta situação.
Se continuar-mos todos em luta uns com os outros, vamos lamentar a falta de visão.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Produtividade

Os empresários têm um desafio neste ano muito importante - aumentar a produtividade.
Para isso têm que analisar o grau de organização das suas empresas e a capacidade de operar transformações.
Sejamos realistas. Não vale a pena fazer pequenas transformações. A inércia fará com que sejam rapidamente absorvidas.
Interessa fazer transformações radicais. Isso sim (e falo com experiência) muda mesmo as coisas e produz novas forças e motivações que são criadoras de valor e de ganhos efectivos de produtividade.
Ganhar produtividade é vital para vencer no mercado. Fazer face à concorrência exige uma posição concorrencial assente em vantagens sustentadas e essas têm por base uma grande produtividade.
Reinventar a nossa posição no mercado. Reavaliar os nossos investimentos e reconduzi-los em direcção a ganhos de produtividade. Raramente cair na tentação de investir em edifícios e outras aplicações que apenas trazem redução de liquidez ao activo.
Investir em tecnologia e organização (que é um ponto fraco habitual).
Só com ganhos de produtividade é que as nossas empresas podem olhar para o mundo e ver o seu mercado, que não é necessariamente só a ilha ou o arquipélago.
O crescimento pela densificação dos mercados só se faz crescendo para fora com base em controlo da produtividade.
Espero que as empresas se revolucionem este ano de 2010 com base nos seus recursos e sem pedir nada a ninguém, como é normal no sector privado de países industrializados.
Vamos ao trabalho.

Álcool

A passagem de ano é sempre um momento de grandes festejos em que todos se preparam para estarem à altura dos acontecimentos.
Não posso compreender que seja quase obrigatório o excesso de álcool nestes momentos.
Não percebo porque razão tem que haver tão fácil aceitação social a embriagues geral.
Será normal estar fora de si para se poder festejar?
Será que depois os comportamentos indescritíveis são desculpados porque se estava embriagado e porque era dia de festa?
E que festa é essa?
Uma sociedade que considera normal este comportamento está em crise. É necessário educar e dar exemplo. Manter o clima de festa com moderação alcoólica parece um comportamento de bom senso.
Se a sociedade não considera o excesso de álcool um comportamento desviante não há campanha que tenha efeito.
Conheço muitos alcoólicos que apenas começaram a consumir com moderação e acabam a fazer tratamento, ou pior do que isso, não assumem que são alcoólicos e andam a tremer e com permanente falha de capacidade intelectual.
Acho que todos conhecemos pessoas que vegetam nos seus empregos sem fazer grande coisa a não ser ir em intervalos regulares tomar um café inevitavelmente acompanhado com álcool e voltar com cara de santo sem sequer perceber que o hálito de um alcoólico não precisa de legenda.
É necessário ter uma atitude diferente relativamente ao excesso de álcool.