sábado, 8 de março de 2008

O ensino dos nossos filhos

Temos assistido a entusiásticas manifestações de milhares de professores por todo o país. Desde logo ficamos com a dimensão do problema. São imensos.
Reclamam contra a Senhora Ministra da Educação, o que não é novidade porque sempre me lembro de ser assim. Quer os alunos quer os professores nunca acharam que os Ministros da Educação estivessem a fazer um bom trabalho. Agora apenas estão mais entusiasmados porque sentem que vão passar a ser controlados, o que para eles é uma coisa do outro mundo. Claro que não sabem que todos os trabalhadores do país são controlados de alguma forma, por vezes de formas bem injustas e tendenciosos e não andam aí a dizer que o mundo vai acabar.
Como país temos perfeita consciência que não há qualquer controlo, e portanto incentivo, sobre o trabalho dos professores, que muitas vezes apresentam materiais preparados quando eram novos e os vão repetindo, mesmo já amarelos da antiguidade e sem qualquer interesse. Outras vezes, os métodos pedagógicos são desincentiva dores e insistem mais na critica do que no incentivo.
É verdade que eu acho que o nosso sistema de ensino é mau, pouco imaginativo, pesado, pouco gradual, exigindo-se de inicio graus de complexidade elevados para quem ainda não consolidou as bases, e, pior que tudo, apresentado muitas vezes de forma desinteressante.
Os professores competem hoje com meios modernos e apelativos de media que exigem o bom senso de reposicionar a transmissão de ideias tirando partido do que está disponível e não continuando a insistir em sonolentas aulas de exposição em português quase macarrónico.
A mudança de tudo isto está nas mãos da classe de professores e não do Ministério. Mas o que fizeram os professores? Nada. Continuaram como dantes, preocupados com o salário e com a reforma, mas sempre dizendo que estão muito cansados e que os alunos são cada vez piores.
Como as pessoas se têm sempre em elevada conta e tudo tem que mudar menos elas, eu pergunto sempre porque não mudam de emprego? Recebo sempre um olhar de ódio. No fundo a maioria dos professores perderiam muito com a alteração de emprego.
O sistema de ensino é gerido de acordo com uma ideia revolucionária de autonomia e de direcção colectiva que já provou em todo lado que não funciona e já nem nos países que eram comunistas se pratica. A conclusão é que há mais compromissos do que gestão e o resultado é o caos.
A Senhora Ministra também é professora e compreendeu que entre muitos problemas há um que pode ser resolvido e a prazo trará uma acrescida dignidade e respeito pela classe dos professores, indispensável à obtenção de melhores resultados. A gestão das escolas e das pessoas que recebem salários para cumprir com o grande objectivo que é isto tudo - a formação dos nossos filhos.
Claro que tem que haver quem manda na escola, claro que tem que haver um processo de avaliação (do que tenho ouvido ninguém sabe em que consiste o processo proposto pelo ministério) que permita orientar a formação e reciclagem de professores, tentando dar um rumo pedagógico mais moderno e mais produtivo.
No fundo a Senhora Ministra já ganhou. Porque os professores dentro de pouco tempo terão os país contra eles. Todos os alunos já foram maltratados pelo sistema e lembram-se disso. Os país são mal recebidos nas escolas embora os professores se queixem de falta de acompanhamento e desinteresse dos encarregados de educação.
Há muito para mudar e os milhares de bons professores existentes só teriam a ganhar com este processo de mudança enquanto os milhares de professores que não se adequaram aos sinais dos tempos encontrarão motivação para sair do sistema ou mudarem através de formação e actualização.
Entretanto o apoio que os professores sentem é apenas porque as pessoas normalmente não gostam dos governos quer porque a gasolina está cara, ou pela prestação da casa que aumentou, ou porque os impostos são elevados, enfim, haverá sempre um motivo. Mas este estado de espírito não dura sempre.
Já agora não resisto a dizer que acredito muito mais na geração que aí vem do que na que hoje tem já maturidade. Os jovens são mais rápidos, desprendidos e abertos à mudança. Acredito num Portugal melhor quando forem eles a mandar (e a ensinar).

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