domingo, 18 de maio de 2008

Tempo de eleições

Com o aproximar das eleições os políticos dizem imensas coisas, opinam imenso. Uma grande parte do que é dito não tem qualquer interesse. Os próprios não darão no futuro grande importância a grande parte dessas afirmações.
Contudo é uma ocasião para pedir-mos que mostrem sinais de ter sido efectuada uma reflexão sobre os principais temas que se vão colocar aos Açores nos próximos tempos. Pouco interessa se vão construir uma estrada ou duas, ou se vão ter um ou dois barcos. Isso não resolve os problemas realmente importantes.
Mas deve haver clareza política sobre os caminhos para a criação de emprego competitivo e para as políticas de combate à pobreza.
O caminho que tem sido seguido não mostra capacidade de resolver os desafios do nosso tempo. Temos um crescimento generalizado dos preços dos bens de base e do custo da dívida que vai ser catastrófico para as famílias. Que medidas para controlar os preços?
Temos uma dívida ligada ao financiamento da habitação que não é sustentável. Porque continuar a promover novas habitações quando há tantas para recuperar?
Temos um sistema de transportes terrestres inqualificável, baseado num equilíbrio de grandes operadores que não apostam na qualificação da frota (que parece do terceiro mundo) e não responde às necessidades das populações. O elevado preço dos combustíveis podiam encontrar resposta numa alteração radical da política de transportes públicos terrestres.
O transporte marítimo tem sido deixado por conta dos acordos entre operadores. Tudo para que seja a Ilha de São Miguel a pagar o elevado preço de ir a uma ilha levar quatro contentores, uma vez que há uma sistema de subsidiação cruzada e nada transparente. O problema é que os micaelenses pagam e ninguém sequer chega a saber quanto.
Penso que já há maturidade suficiente para os micaelenses pagarem o que têm de pagar e o resto sair directamente de programas orçamentais e no fim fazer-mos as contas. Sei que a ilha de São Miguel tem de ajudar as outras. O que me custa é ver a grande influência política que poucos habitantes têm sobre muitos o que é claramente uma distorção no funcionamento democrático muito grave. Hoje já ninguém quer saber de políticos que enrolam a conversa para darem escandalosamente benefícios às suas ilhas como se o orçamento fosse algo que é deles.
Penso que certos partidos ainda não compreenderam que se algum dia S. Miguel perder a liderança do partido do governo isto pode ser muito perigoso para o actual estado de coisas. Eu cá não aceitava calado uma coisa destas.
Trazer mais transparência ao sistema e ao que se propõe era muito desejável.

Sem comentários: