segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Reinventar a Justiça

Tenho visto alguns debates televisivos em que são feitas afirmações que nos fazem pensar.
Dizia um jornalista: Mas 4 anos com o processo parado é muito estranho, não?
Responde o jurista convidado: Não tem nada de estranho. Nos processos que não têm exposição mediática isso é muito normal. Estive a rever agora os documentos de um caso que está em investigação há 13 anos.
Podem dizer o que disserem mas isto não é normal.
Se calhar precisamos de ter o dobro dos juízes. Não faço ideia. Mas parece-me que alguém devia fazer algo.
Também já se percebeu que os juízes não vão ajudar muito até porque os mais categorizados não prestam contas a ninguém e os pobres juízes que chegam a ter 13 mil processos só pensam em sobreviver e não estão em condições de ter uma visão do sistema integral e de como se pode modificá-lo.
O que me parece é que ou isto muda ou o povo acabará por se revoltar com a injustiça que leva a que quem rouba milhões nunca seja alvo da justiça.
O pior crime em Portugal é não pagar parquímetro pois é o único que recebe de imediato a mão firme da justiça e a respectiva punição.
Podem roubar milhões mas paguem o parquímetro.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Indústria

A industria mundial está a atravessar um período trágico. De acordo com o The Economist a produção do 4º trimestre de 2008 baixou 6,8% na Alemanha, 21,7% em Taiwan e 12% no Japão.
A quantidade de carros em construção neste Janeiro nos EUA é 60% do ano passado.
A industria esta a colapsar na Europa do Leste, no Brasil, na Malásia e na Turquia.
Não sei exactamente o que se passa em Janeiro em Portugal mas coisa boa não será decerto, porque o comercio internacional está muito limitado e, consequentemente, as exportações.
É um erro tentar ajudar toda a gente, até porque neste contexto nem sequer é possível.
Mas é possível ajudar os inovadores, os que reestruturam, os que se preparam para um mundo diferente, respeitador do ambiente, que poupam energia e matérias primas e que fazem emissões mitigadas para a atmosfera.
É possível ainda apoiar as empresas que substituem importações, mesmo aquelas que sendo agrícolas, podem contribuir para uma nova agricultura competitiva e que vá de encontro com as necessidades do mercado.
Há que escolher entre gastar muito e deixar as actuais e futuras gerações sem garantias de um estado forte e em ter um estado que por intervir só cirurgicamente provocará a dinâmica privada a ter mais iniciativas.
Enquanto as más empresas estiverem no mercado não haverá lugar para as novas.
Não há ajuda para a incompetência.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Trabalho, formação e competitividade

Um dos maiores desafios que se colocam aos decisores do nosso tempo é o de encontrar um caminho estratégico que crie emprego em boas condições para a população.
Neste momento de dificuldade, a maior é sem dúvida o crescimento do desemprego. Quando ouço os sindicatos e as associações patronais a exigir coisas penso sempre nos desempregados que apenas queriam emprego. Coisa simples mas em certos momentos difícil.
Quantas pessoas desempregadas e com habilitações estão preparados para ser professores sem discutir a avaliação? Quantas pessoas estão preparadas para assumir imensas tarefas com poucas exigências, desde que num quadro de dignidade?
Penso que o nosso futuro não passa por uma industria extensiva, onde vai sempre imperar a mão de obra barata (a nossa já não é).
Parece-me que não é criando imenso emprego público que vamos longe pois todos querem que os Estado (que somos nós) dê coisas mas ninguém quer dar nada ao Estado. Claro que não dá certo.
Penso que todos os desempregados deviam ser inseridos num programa de formação. Não por habilidade estatística mas para alargar as suas competências e melhorar a sua empregabilidade quando a economia se equilibrar. Este seria dinheiro mais bem gasto do que fazer estradas e outras tolices desnecessárias.
Ou apostamos em despesa pública que melhore a nossa competitividade ou teremos de ter salário e condições de trabalho de Chinês.
Diminuir impostos é inútil e ninguém explica como é que isso produz relançamento da economia. Fazer obras à toa é voltar a apostar na construção civil o que não é sustentável pois quando acaba a obra voltamos ao mesmo e já não há tanta obra necessária assim.
Mas quando precisamos de um estofador não há. Quando precisamos de um carpinteiro não há. Faltam pessoas formadas nos ofícios tecnicos. Acho que é isso que nos falta. Os pequenos empresários que sabem resolver problemas, que percebem de um oficio, de preferência tirando proveito da tecnologia disponível.
É para isso que é necessária formação.
Quanto a ajudar aqueles que se dizem ricos mas que devem milhões e se não fossem ajudados estariam na ruína é coisa que me ultrapassa. Nunca posso perdoar a um governo que permita tal coisa.
Nacionalizar tudo também não me parece solução. Resolver todos os problemas é impensável. É certo que o Estado ainda é mais forte do que as empresas ao contrário do que alguns pensavam, mas quando começa a comprometer o futuro começamos de imediato a pagar.
Foi o que aconteceu agora com o novo rating da República. Já temos um spread mais alto e estamos todos a pagar por conta da fragilidade que provoca tanto compromisso.
Parem de pedir e façam qualquer coisa.
Invistam na sua formação.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Alta velocidade

A propósito do TGV, tão falado ultimamente, no contexto da crise e das poupanças que se poderiam fazer tenho uma opinião daquelas à Portuguesa, ou seja, sem grande conhecimento de causa.
A Europa está a instalar uma rede de comboios de alta velocidade, confortável e que tem sido considerada pelos especialistas de transportes no âmbito do ordenamento do território como uma das realizações mais marcantes, pois está a alterar gradualmente o paradigma dos transportes entre cidades de média/grande dimensão.
Até agora os transportes assentavam em viagens aéreas, em aviões de média envergadura, que ligavam estas cidades em regime ponte aérea.
O problema é que o espaço aéreo se esgotou e é cada vez mais difícil ampliar os actuais aeroportos ou construir outros que obedeçam a critérios de serviço e proximidade razoáveis.
Assim, parece que a tendência é o tráfego de curto/médio alcance ser realizado de comboio e deixar ao avião as viagens mais longas, onde o tempo perdido com controlos de segurança e burocracias inerentes a uma viagem de avião têm menos importância, uma vez que a viagem é de várias horas.
Quando a linha de TGV entre Madrid e Barcelona se iniciou, verificou-se um desvio de tráfego do avião para o comboio de cerca de 60%.
Assim sendo parece-me que primeiro há que fazer o TGV e só depois verificar se ainda é necessário aeroporto. Até porque não fazer TGV é colocar Portugal ao nível de Marrocos em termos de acessibilidade ao resto da Europa.