segunda-feira, 6 de abril de 2009

Tempos de mudança

Os países têm tentado desenvolver políticas de atenuação dos efeitos da crise que no fundo pretendem que a absorção da destruição de capital verificada seja repercutida no longo prazo, com redução dos efeitos sociais devastadores de um impacto directo de tal destruição abrupta.
A coordenação de políticas tem a vantagem de alavancar o efeito de diluição no prazo pois se todos caminharem na mesma direcção pode ser possível evitar uma quebra defensiva no comercio internacional que produziria um empobrecimento adicional, pois as economias passariam a trabalhar em menores níveis de eficiência.
Mas convém compreender que não vamos sair da crise e tudo volta ao que era antes.
A realidade é que os níveis de procura que vivemos nos últimos dez anos só existiram porque não eram sustentáveis, ou seja, porque todos os agentes económicos contratavam empréstimos que não podiam pagar mas que, efectivamente aumentavam a procura agregada à economia. A economia estava dopada.
Temos de encontrar formas de trabalhar com a tecnologia que cria menos emprego e embaratece os produtos tornando-os mais acessíveis. Para os que ficam de fora do mercado de trabalho vai ser necessário ter a imaginação de ter empregos de apoio social para idosos e de controlo social para que todos tenham um lugar no mundo produtivo quer sejam bens ou serviços económicos, sociais ou culturais.
Mas também se deve compreender que esta realidade leva a uma maior redistribuição do rendimento aumentando muito a produção de serviços públicos de cariz social que ninguém estaria em condições de pagar quando deles precisa mas que ninguém deseja pagar quando deles não precisa (é no fundo um bem público que todos querem mas ninguém quer pagar).
Maior redistribuição significa menor riqueza. Essa coisa de haver quem ganhe milhões por mês vai ter que acabar quer directamente quer indirectamente através de uma carga fiscal desincentivadora.
Vamos viver mais modestamente, o que aliás já era uma consequência evidente da globalização. Não é possível acreditar que países asiáticos entrem no comércio internacional sem que seja transferida riqueza dos países ricos. A riqueza transferida dos países ricos mudará muito significativamente as condições de populações que até agora viviam de forma quase miserável.
São tempos de profunda mudança.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Genial parvoice

Veio a General Electric aos Açores convencer a EDA, ao que vi nas notícias, da bondade de usarem diversos dos seus produtos e, da genial parvoíce que seria instalar uma grande central de painéis solares (da GE evidentemente).
Era o que faltava gastar terreno precioso com uma coisa que pode e deve estar nos telhados das casas onde não ocupa espaço.
Os painéis solares são uma boa ideia e dentro de poucos anos, quando forem mais eficientes, serão certamente parte integrante obrigatória da construção de edifícios, numa perspectiva de racionalizar o factor energético do edifício não só numa perspectiva do consumo mas também numa perspectiva do produção.
O que é um perfeito disparate é deitar fora a oportunidade de gerar energia no local do consumo para a deslocar para um terreno e depois a transportar por rede.
Esta solução seria má porque gasta terreno e não é rentável e seria boa para quem vende e instala os painéis pois vendia muitos de uma vez e nem teria o trabalho de subir a um telhado para os instalar.
Espero, pois, que a EDA não tenha aderida a ideia tão idiota.