segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Estratégia e soberania no mundo ocidental - contributos

A política conduzida pelos EUA nos últimos 40 anos conduziu a uma desregulamentação sem precedentes, a uma globalização sem limites e a uma competitividade fiscal que se traduz numa redução de impostos muito acentuada.
A consequência é o fim do mundo enquanto paradigma de aumento gradual da riqueza das nações e desenvolvimento assente na melhoria das condições do povo e o enriquecimento extravagante dos muito ricos para quem o mundo passou a ser o seu espaço sem limites nem fronteiras.
A abertura sem condicionalismos do mundo à livre circulação de capitais e mercadorias teve num primeiro momento um efeito interessante. Neste momento a indústria está a deslocar-se para os locais onde os custos do trabalho são insignificantes e as regras sociais e ambientais são letra morta.
Claro que a nossa industria que tem que obedecer a uma série de normas, e ainda bem que é assim, não pode concorrer com países como a China, ou o Vietname onde a mão-de-obra é abundante e quase escrava, e onde as regras de protecção ambiental é coisa que ninguém sabe o que é.
Claro que num primeiro momento os produtos se tornam mais acessíveis e o nosso nível de vida melhora. Só que num segundo momento, perdemos o emprego e já não compramos mais nada.
Por outro lado este fenómeno criou nos países ocidentais um problema de crescimento muito forte, que os estados, guiados por políticos pouco estrategas, tentaram contornar massificando os gastos públicos, financiados por emissão de dívida.
Quem empresta esse dinheiro é exactamente quem tem largos excedentes de capital acumulado por sucessivos anos de balanças comerciais superavitárias.
Os EUA têm a seu favor, embora me pareça que por pouco tempo, emitir uma moeda de referência para o comércio internacional, nomeadamente as transacções de petróleo. Contudo a armadilha estava instalada e hoje a China detém cerca de um terço da dívida americana.
Do ponto de vista estratégico a Europa não existe e portanto segue as modas com uma série de políticos que mais parecem estar no século errado e com uma Alemanha que no fundo pretende mandar na Europa conseguindo em paz o que não conseguiu com guerra. Mas geoestratégia, nada.
Claro que o derradeiro trunfo dos EUA são o seu potencial militar. Sabendo isso a China já começou a dizer que tem o direito de exigir bom senso aos EUA e aconselhar a reduzir as suas despesas sociais e militares.
Estamos portanto entregues a curto prazo aos ditames de quem, culturalmente, não tem nada que ver com as grandes conquistas obtidas pelos povos ocidentais.
A única boa notícia recente é a do fabricante chinês dos iPhones e iPad’s ir retirar 1500 homens da linha de produção para instalar robots. Só assim se pode caminhar para a perda de vantagem competitiva da China (pelo menos no que aos custos de trabalho diz respeito) e começar a inverter a situação.
Quanto aos políticos ocidentais vão continuar a destruir a economia com as velhas ideias do Friedman e do Keynes, construídas com muito mérito quando havia impostos e tarifas aduaneiras, o mundo era fechado e a população mundial metade do que é hoje.