domingo, 27 de fevereiro de 2011

A irrelevância

O caminho que a Europa leva conduzirá à sua irrelevância. Os alemães sempre conservadores e com péssima opinião sobre os outros povos acham que nos devemos esmifrar todos para atingir num ápice uns valores a que se atribui demasiada importância.
O que os alemães não compreendem é que chegará a um ponto que essa rigidez fará a Alemanha regressar ao Marco e ficar isolada. Só que o mundo está muito diferente e hoje a Alemanha e o seu marco são irrelevantes sozinhos. Têm muito a ganhar na busca de plataformas comuns que tragam algum rigor às contas públicas da Europa mas sem escravizar uma geração.
Até porque o problema é que ninguém se deixará escravizar durante muito tempo. O mundo está mais desinibido. É ver o que se passa com todas essas ditaduras do norte de África.
Também por cá muitos destes responsáveis que estão à 20 e à 30 anos a frente das coisas e que já preparam os filhos para esquemas de favor devem estar atentos. Quando o povo tem que pagar devaneios fica menos tolerante.
E o povo começa a estar farto dos diagnósticos. Precisamos de uma geração com soluções.

Tarifas aéreas

Estive a ouvir muitas conversas sobre operadores turísticos que se queixam do preço dos transportes aéreos para os Açores.
Cheguei à conclusão, fazendo umas contas que se as passagens fossem gratuitas, custariam em taxas 64,50 euro (pelo menos era esse o valor inscrito no meu bilhete). Fazendo as contas ao custo dos pacotes turísticos, tirando o custo do transporte e mantendo as taxas os valores que se obtêm levam-nos a crer que o problema da ocupação turística não se resolveria. Mas este bode expiatório faz com que nunca se analise as reais razões da dificuldade em ter uma ocupação desejável para os nossos hotéis.
Além disso preocupa-me que nos foquemos no preço como única vantagem competitiva quando vivendo no meio do Atlântico essa é uma vantagem que nunca teremos.
A tarifa promocional de 88,50 € tirando as taxas será semelhante a um táxi para o aeroporto. Não é pois uma tarifa aérea mas uma invenção, um número. O problema é que quando se anuncia uma tarifa destas a percepção das pessoas é que esta é a tarifa justa.
Prevejo portanto que sem uma pedagogia sobre o custo do transporte aéreo as empresas de transporte aéreo que fazem estes preços tenham um futuro curto e depois, sem companhia aéreas logo se verá quanto custará o transporte.
As exigências são tantas que acabaremos por secar as vantagens de ter uma companhia aérea que tem por principal preocupação servir os Açores e os açorianos. Pouco agradecidos acabaremos por ser servidos por uma companhia que apenas nos vê como uma fonte de riqueza. Que não criará emprego por cá e que fará apenas o que for rentável. Quem ainda se lembra como era antes da SATA Internacional?
Aí veremos …

Salários

Está na moda afirmar que os salários devem baixar. Eu acho esta perspectiva contrária aos interesses dos portugueses.
O que se ganha com salários baixos? Uma mão-de-obra do 3º mundo? É isso que queremos ser?
Que incentivo ao trabalho, ao orgulho da profissão é que pode dar um salário miserável?
Agora vem o sempre popular ataque aos salários dos gestores públicos. No outro dia vinha num jornal uma referência a um gestor que ganhava cerca de 5 mil euros brutos numa das grandes empresas portuguesas.
Apetece-me perguntar ao jornalista qual o salário que ele acharia justo? Há apresentadores da RTP a ganhar 3 vezes mais e não estão sujeitos a sistemáticos ataques sobre a sua honorabilidade.
Por este caminho vamos perder todos os gestores competentes que ainda temos, aqueles que não são fruto de uma amizade política e vamos ter gestores políticos jovens que encontrarão de forma esperta uma forma de ter rendimentos mesmo com salários baixos. As empresas irão certamente por um bom caminho e os jornalistas ficarão contentes pois aí viverão definitivamente num país à sua medida.
Claro que se os salários mais altos baixam, mais cedo ou mais tarde os salários mais baixos também serão pressionados e valerá mais a pena viver do RS de inserção até que este também acabará.
O caminho, do meu ponto de vista é valorizar o trabalho e a iniciativa. Nunca a mediocridade. Até porque os jovens muito qualificados e que tanta falta nos fazem para trazer soluções, em vez de diagnósticos, acabarão por encontrar noutros países quem os valorize.
Ciente disso já há quem ande por aí a oferecer condições para jovens muito qualificados emigrarem para a Alemanha.

Capitais próprios

Numa conversa que tive recentemente um empresário defendia que os sistemas de incentivos, que antes exigiam 25% de capitais próprios, deviam exigir apenas 15%, como aliás parece que conseguiu.
Eu compreendo que num país com tão poucos empresários e tão escasso capital e uma tendência tão grande para depender do Estado se pense assim. Mas é um caminho que despreza as regras mais simples do sistema capitalista.
Vejamos que futuro terá uma empresa com poucos capitais próprios. A capacidade de suportar um mau ano é muito limitada e a sua dependência de capitais externos é total. Além disso cria-se a ideia que uma pessoa sem capital pode ser capitalista, o que de facto é uma anedota.
Estes empresários sem capital estão condenados ao insucesso e a gerar situações muito delicadas aos seus trabalhadores.
A dotação de capitais próprios deve ser enriquecida e vista como uma forma de partilhar riscos. Os mecanismos de capital de risco devem ser incentivados e os accionistas devem ser pedagogicamente levados a aceitar accionistas capitalistas para os seus negócios, com quem passam a partilhar decisões e lucros.
O desprezo pelos capitais próprios só pode gerar problemas.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

World Energy Outlock 2010

De acordo com aquela publicação da Agência Internacional da Energia a recuperação económica internacional será determinante para a evolução do mercado internacional da energia. Contudo, a segurança energética e as alterações climáticas são factores que estarão totalmente dependes das medidas que os governos venham a tomar e, nomeadamente, dos acordos internacionais que forem estabelecidos.
O cenário central para a evolução da procura internacional de energia aponta para um crescimento de36% entre 2008 e 2035, ou seja um crescimento médio anual de 1,2%.
Os países não OCDE contribuirão com 93% deste crescimento reflectindo um crescimento económico robusto e rápido.
As energias fósseis – carvão, petróleo e gás – representarão a resposta a 50% deste crescimento. O petróleo permanecerá a fonte energética dominante no mix energético em 2035. Mas o uso de modernas energias renováveis triplicará entre 2008 e 2035.
O preço do petróleo que foi em média 60$ o barril em 2009 passará para 113$ o barril, em média em 2035.
As energias renováveis são normalmente mais capital intensivas, o que significa um volume de investimento elevado. Mas o papel que desempenham em termos de segurança energética e de atenuação de efeitos sobre as alterações climáticas atiram-nas para um patamar de prioridade absoluta.
Qualquer vacilação dos governos em termos do rumo a seguir, nomeadamente atendendo a interesses estabelecidos, terá um preço muito alto nos próximos 20 anos, pois com uma alteração do clima próxima dos dois graus já se verificarão perturbações muito acentuadas nos ciclos da água e da produção de alimentos, mas acima disso será muito grave.