quinta-feira, 29 de maio de 2008

Racionalizar

Todos se queixam da subida dos preços da energia. O que já não tem sido tão habitual é assistirmos a anúncios de empresas a anunciar programas de promoção da eficiência energética.
Grande parte dos frotistas têm veículos velhos com consumos muito elevados. Os preços dos combustíveis não vão descer. Mesmo que o Governo decidisse a absurda medida de abolir impostos sobre os combustíveis a baixa daí resultante seria temporária, pois no dia seguinte a subida seguiria o seu caminho, embora, claro de um patamar mais baixo.
Evidentemente que o dinheiro que deixava de entrar nos cofres do Estado também teria de deixar de sair pelo que aquele hospital que se ia fazer seria adiado, as escolas prometidas continuariam a ser uma promessa e por aí fora. Ninguém ficaria satisfeito.
Mas ter um programa de poupança assente numa análise de eficiência poderia fazer poupar rapidamente água, electricidade, gás e combustíveis em grandes percentagens e, aí sim com grande impacto. Esse é o caminho certo.
Devemos perguntar o que podemos fazer em vez de pedir que nos resolvam o problema.
Quanto ao Estado as verdadeiras decisões tardam.
Devia ser divulgado um programa de medidas de poupança energética pelas famílias adequado ao nosso clima e hábitos.
Devia ser implementado um programa de auditorias energéticas que ensinasse as empresas a melhorar a sua eficiência energética, que de acordo com a OCDE não é motivo de orgulho em Portugal.
Devia ser feita uma leitura das necessidades de transportes dos portugueses (e já agora dos micaelenses) e estudar medidas adequadas a uma resposta exemplar de transportes públicos que retirasse das estradas grande parte dos automóveis.
Interessa mais reagir positivamente em vez de cantar mais uma vez fado.

domingo, 25 de maio de 2008

Loucuras do trânsito

Todos têm observado obras nas rotundas de Ponta Delgada que muito perturbam o trânsito em Ponta Delgada. Aliás deve dizer-se que num esforço de coordenação notável iniciaram-se obras em todo o lado o que aconselha os residentes de Ponta Delgada a ir passar umas férias sabaticas para longe.
O que ainda não sabem, ou eu pelo menos não sabia, é que quando estas obras estiverem prontas vai ser o fim do mundo. A complexidade das escolhas que vão ser postas em prática na rotunda de Belém vai proporcionar um exercicio aos condutores que vai ser adoptado para a renovação de carta de condução.
Quando tiver 60 anos, as autoridades vão propor-lhe que inicie uma viagem no aeroporto, conduza até ao nó cego de Belém e volte para o aeroporto. Se não conseguir volta para a semana a tentar. Prevêem-se grandes dificuldades na renovação o que retirará da estrada imensos condutores e constituirá numa forte contribuição para resolver o problema de trânsito de Ponta Delgada e simultãneamente do aquecimento global.
Vão passar a ser noticia corrente choques envolvendo viaturas em sentido contrário.
O que de modo nenhum podia ter sido feito era uma estrada de duas vias para a Ribeira Grande que era certamente bem mais barata do que alterar uma rotunda enorme e com pouco problema. A sua dimensão era tão grande que com poucas alterações podia ser implementado um sistema de semáforos em horas críticas.
Temo que vou chegar atrasado todos os dias.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Custos a subir

Todos os custos têm estado a subir de tal forma que já é inegável que terão impacto no aumento geral de preços pois os custos de produção estão a ser muito afectados.
Por exemplo a pesca tem dias bons e dias maus. Nos dias maus gasta-se muito combustível em troco de nada. Faz parte do negócio. Mas é evidente que o peixe vai aumentar.
Tudo o que é fabricado aumentará e ainda por cima a taxa de juro não pode diminuir pois é a única arma contra a inflação que deve ser evitada a todo o custo, pois empobrece a prazo os mais pobres.
Contudo o preço dos recursos naturais no mercado internacional tem sido descontados por um valor em baixa do dólar.
O real problema será depois das eleições americanas, quando os índices de confiança aumentarem nos EUA produzindo uma valorização do dólar. Aí é que o impacto venho todo de uma vez, embora produza a prazo uma pressão para a baixa dos preços.
De qualquer forma aconselho a prepararem-se para uma década com uma qualidade de vida diferente.
Por exemplo quando eu me reformar vou ter uma reforma de cerca de 60% do salário. Vamos ser velho pobres a não ser que tenhamos a sorte de ter rendimentos patrimoniais.

Testemunhos

Durham releases incineration "business case"

Although the initial capital costs would be higher, incineration of municipal waste is the preferred long-term option. So says the Regional Municipality of Durham -- just east of Toronto, Ontario -- which has just released its business case for a waste-to-energy (WTE) project for residual waste.

The business case compares WTE with landfilling at a location outside the region, but inside the province. According to a financial analysis by consultants at Deloitte and Touche, a WTE plant beats the landfill option because it removes the risk and uncertainty surrounding fuel costs and the shortage of landfill capacity in the province.

The proposed location of the facility would be in Clarington, near Courtice Road and Highway 401. The plant would cost $198 million to build, with Durham Region paying $155 million and neighboring York Region paying the rest. York Region plans to send a portion of its waste to the facility, if and when it's constructed.

Durham will also pay $13 million of the total $17 million annual operating and maintenance cost of the facility.

If federal gas tax funds are used to pay a portion of the initial costs, the Durham Region's facility-related debt would be retired in six years. From 2017 onward, incineration would cost less than landfilling somewhere else, according to the report. If the facility is funded through debt financing alone, it will take until past 2031 for incineration to cost less than landfill.

The business case did not include potential revenue from district heating; such capability would be built into the plant.

Por cá temos os salários mais baixos mas queremos ter as soluções mais caras. Coisas de quem é funcionário público...

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Novas estruturas de resíduos

O Governo divulgou concursos públicos para a realização de infra-estruturas de tratamento e deposição de resíduos em algumas ilhas. Ficamos a saber que vão ser investidos no Corvo 735 M euros numa estrutura que tratará 386 toneladas de resíduos por ano por 15 anos. Ou seja, só a amortização vai ficar por 126,94 € por tonelada. O que significa que se cada família tem 3 elementos e, como diz o PEGRA cada habitante do Corvo produz 1,63 kg por dia teremos que cada casa produz 146 por mês o que corresponde a um custo de amortização de 18,5 €. A isto temos de adicionar o custo da recolha e do funcionamento da central (trabalhadores e transportes). Qual será a tarifa que os habitantes do Corvo vão pagar?
De acordo com a legislação não pode ser menos do que o custo do serviço.
Pobres habitantes destas ilhas que vão pagar tanto pelos resíduos só para se dizer que têm uma solução de pobre. Os ricos são ricos porque não gastam dinheiro desta forma.
Ou será que as estruturas vão ser oferecidas? E se forem então S. Miguel, Terceira e Faial o que vão ter nesta área? Será o financiamento do Fundo de Coesão que tem sido sistematicamente recusado?

domingo, 18 de maio de 2008

Tempo de eleições

Com o aproximar das eleições os políticos dizem imensas coisas, opinam imenso. Uma grande parte do que é dito não tem qualquer interesse. Os próprios não darão no futuro grande importância a grande parte dessas afirmações.
Contudo é uma ocasião para pedir-mos que mostrem sinais de ter sido efectuada uma reflexão sobre os principais temas que se vão colocar aos Açores nos próximos tempos. Pouco interessa se vão construir uma estrada ou duas, ou se vão ter um ou dois barcos. Isso não resolve os problemas realmente importantes.
Mas deve haver clareza política sobre os caminhos para a criação de emprego competitivo e para as políticas de combate à pobreza.
O caminho que tem sido seguido não mostra capacidade de resolver os desafios do nosso tempo. Temos um crescimento generalizado dos preços dos bens de base e do custo da dívida que vai ser catastrófico para as famílias. Que medidas para controlar os preços?
Temos uma dívida ligada ao financiamento da habitação que não é sustentável. Porque continuar a promover novas habitações quando há tantas para recuperar?
Temos um sistema de transportes terrestres inqualificável, baseado num equilíbrio de grandes operadores que não apostam na qualificação da frota (que parece do terceiro mundo) e não responde às necessidades das populações. O elevado preço dos combustíveis podiam encontrar resposta numa alteração radical da política de transportes públicos terrestres.
O transporte marítimo tem sido deixado por conta dos acordos entre operadores. Tudo para que seja a Ilha de São Miguel a pagar o elevado preço de ir a uma ilha levar quatro contentores, uma vez que há uma sistema de subsidiação cruzada e nada transparente. O problema é que os micaelenses pagam e ninguém sequer chega a saber quanto.
Penso que já há maturidade suficiente para os micaelenses pagarem o que têm de pagar e o resto sair directamente de programas orçamentais e no fim fazer-mos as contas. Sei que a ilha de São Miguel tem de ajudar as outras. O que me custa é ver a grande influência política que poucos habitantes têm sobre muitos o que é claramente uma distorção no funcionamento democrático muito grave. Hoje já ninguém quer saber de políticos que enrolam a conversa para darem escandalosamente benefícios às suas ilhas como se o orçamento fosse algo que é deles.
Penso que certos partidos ainda não compreenderam que se algum dia S. Miguel perder a liderança do partido do governo isto pode ser muito perigoso para o actual estado de coisas. Eu cá não aceitava calado uma coisa destas.
Trazer mais transparência ao sistema e ao que se propõe era muito desejável.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Agricultura

A agricultura é uma actividade pouco apoiada e mal apoiada. Em contrapartida a pecuária não tem tanto problema, embora muitas páginas de jornais falem sobre os seus problemas.
A agricultura é mal apoiada porque não premeia as práticas favoráveis ao ordenamento correcto do território, à preservação dos terrenos e à conservação da natureza alem da produção de produtos agrícolas que reduzem a nossa dependência alimentar.
A dependência alimentar é das piores que se podem ter pois os produtos agrícolas importados passam normalmente por processos de comercialização que tentam proteger a conservação pelo tempo necessário ao transporte. O resultado é que as maçãs não sabem a nada e o mesmo se pode dizer de um considerável número de produtos.
A conservação do território é absolutamente necessária, pois sem ela desvalorizamos a nossa paisagem e a sustentabilidade da própria produção.
Mas a razão porque a agricultura é pouco apoiada é porque nós não apoiamos o papel de guarda do território que um agricultor desempenha, ocupando o espaço rural e dando-lhe um ar cativante e agradável. Sem os agricultores nós não teríamos a paisagem que temos e ninguém paga por isso.
Pena que cada vez mais a agricultura seja encarada como uma actividade menor e mal remunerada em vez de lhe conceder-mos dignidade e tentar-mos que os agricultores tenham condições para dar instrução aos seus filhos em vez de lhes darem trabalho assim que têm capacidade para tal.
Era muito importante que os agricultores fossem capazes de desfrutar de boas condições de vida para que assegurassem uma população rural suficiente para travar o trágico crescimento das cidades e vilas sedes de concelho.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Preço dos combustiveis

Muitos têm defendido que os impostos sobre os produtos petrolíferos deviam baixar para atenuar o impacte da subidas dos preços do petróleo.
Na minha opinião nada mais errado.
O preço do petróleo está mais alto e continuará a subir. Mesmo assim está baixo relativamente aos custos ambientais que o seu consumo provoca, ou seja, não internaliza todos os custos que produz. Como a tendência só pode ser subir o melhor é as pessoas começarem a tomar decisões adequadas à despesa que pretendem ter, por exemplo adquirindo automóveis mais económicos ou, no caso das empresas, renovando as suas frotas por veículos mais amigos do ambiente.
São essas mudanças que têm de ser feitas para pressionar a industria a responder com produtos adequados a um novo paradigma energético em que o peso do petróleo tem de ser reduzido.
Se os impostos descessem o orçamento teria de ser compensado pelo menos com a não descida de outros impostos. Ora não está certo que eu tenha de pagar mais IVA nas couves para um senhor pagar menos pela gasolina do seu jipe de cidade que consome 17 litros aos 100 km.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

A fome

Com o recente aumento sistemática dos preços dos bens alimentares a população de alguns países começou a ficar em risco. Claro que os que já viviam com poucos recursos ficaram numa situação de alimentação abaixo dos mínimos considerados razoáveis.
Muitas culpas para esta situação têm sido atribuídas a diversos factores como a produção de biodiesel, a perda de colheitas devido a mau tempo em zonas de habitual grande produção, à evolução do valor do dólar e até ao preço dos combustíveis. Mais recentemente começa a desenhar-se um cenário de especulação sobre o mercado dos bens alimentares idêntico ao que é habitual no petróleo e na bolsa em geral.
A verdade é que muitas coisas mudaram. Nenhum dos motivos explica isoladamente o que se passa. O que é verdade é que não deixa de ser estranho que Portugal tenha tanta pressa de atingir as metas de produção de biodiesel que até se propõe antecipar as metas europeias.
O mundo mudou e grande parte das explicações deixaram de ser adequadas. A verdade é que os recursos naturais e os produtos a eles ligados directamente vão continuar a aumentar de valor e claro que as populações mais pobres vão sofrer mais rapidamente com este facto, pois estão mais desprotegidas.
O mundo precisa de começar a olhar para o modo de produção de outro modo. Temos que usar menos recursos naturais e usar melhor os espaços ainda disponíveis no nosso planeta, como por exemplo os desertos. Claro que esta visão exige muita investigação e desenvolvimento mas é para isso que existem universidades.
Aqui nos Açores podíamos ter desenvolvidos já aquacultura de profundidade, usando as zonas de acesso fácil mas quase sem vegetação como é a zona ao largo de Ponta Delgada para povoar o mar com vida. No fundo um bom exemplo desta possibilidade é o Dori, navio afundado que criou condições para o desenvolvimento de vida à sua volta.
Os Oceanos e os desertos esperam por iniciativas a favor da humanidade e Mar é o que não nos falta.