Em boa verdade todos os orçamentos públicos devem ser contidos porque o dinheiro é publico e deve ser respeitado e gasto só quando há um motivo claro para isso.
Esta não é a nossa tradição.
O orçamento para 2011, que antes de ser conhecido já devia, pelo que dizem, ter sido aprovado, não é suportado por uma verdadeira reforma do Estado. Juntar umas quantas direcções gerais ou empresas não serve para nada, nem sequer poupa coisa alguma para além do aparente salário do gestor afectado. Provavelmente os custos da descoordenação subsequente serão superiores a esta poupança fictícia mas popular.
Por um qualquer motivo o povo acha que todos são boy's e portanto quanto menos houver, melhor. Mas o povo nem sempre tem boa informação e, consequentemente, nem sempre tem razão.
Os cargos públicos cada vez são ocupados por personalidades de menor qualidade porque não há condições atractivas para quem tem alternativas melhores.
O orçamento baseia-se em dois princípios fáceis de perceber:
1. Corta nas despesas dos outros e saca-lhes o mais possível em termos de cobrança de impostos;
2. Como não há qualquer reforma do Estado, da sua parte só pode reduzir nos salários.
O que me parece é que o conceito de Estado que temos em Portugal está desfasado dos recursos que o país tem.
Não vale a pena recolher mais impostos para manter benefícios que, mais cedo ou mais tarde, serão revogados. Apenas fazemos esta agonia durar mais tempo sem reformar de facto o que está no centro da despesa.
Temos que ter menos Estado, ou seja, menos apoios e direitos vários que, estando assumidos, são perfeitamente passíveis de alteração.
Os direitos à justiça e ao bom nome, à igualdade de tratamento por parte do Estado, à democracia e outros tantos que realmente importam é que devemos ter o cuidado de não perder.
Os direitos assessórios devem entrar em profunda discussão para, num prazo curto, nos entender-mos quanto à reforma profunda e necessária que Portugal e a maioria dos países da Europa necessitam. Nós estamos mais aflitos porque temos uma economia mais frágil, mas o problema é de conceito e é bem europeu.
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